13/04/2021

Por que não adianta testar novos medicamentos contra o câncer em cobaias

Redação do Diário da Saúde

Xenoenxertos

Pesquisadores descobriram uma possível explicação para o motivo pelo qual muitos medicamentos contra o câncer, que destroem as células tumorais em animais de laboratório, não funcionam quando são aplicados em humanos.

Hoje existem modelos animais - sobretudo camundongos e ratos - que imitam diferentes tipos de câncer humano. Contudo, para tentar se aproximar ainda mais da realidade, alguns cientistas optam por outro caminho: Implantar tumores humanos nesses animais.

Mas parece que nem isto é o suficiente: Tão logo esses xenoenxertos - derivados dos tumores coletados dos pacientes - são implantados, vírus inofensivos naturalmente presentes no corpo das cobaias entram em ação, modificando o próprio tumor, distanciando-o do que tumor humano real.

"O que descobrimos é que, quando você coloca um tumor humano em um camundongo, esse tumor não é igual ao tumor que estava no paciente com câncer," ressalta o professor Jim Zheng, da Universidade do Texas (EUA). "A maioria dos tumores que testamos foi comprometida por vírus dos camundongos."

Alvos diferentes

Os pesquisadores analisaram 184 conjuntos de dados gerados a partir de amostras de sequenciamento dos xenoenxertos. Das 184 amostras, 170 apresentaram a presença de vírus dos camundongos onde foram implantados.

A infecção pelos vírus dos animais gerou mudanças significativas nos tumores, afetando o comportamento do enxerto quando ele é usado para testar novos medicamentos.

"Quando os cientistas estão procurando uma maneira de matar um tumor usando um modelo de xenoenxerto, eles presumem que o tumor no camundongo é o mesmo dos pacientes com câncer, mas não são. Isso faz com que os resultados de um medicamento contra o câncer pareçam promissores quando você pensa que a medicação matou o tumor - mas, na realidade, ela não funcionará em testes em humanos, já que a medicação matou um tumor infectado pelo vírus dos camundongos," disse Zheng.

O pesquisador afirma esperar que estas descobertas mudem a abordagem dos cientistas e levem ao desenvolvimento de novas técnicas para estudar as células tumorais.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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