28/05/2019

Proteína indica predisposição a doenças cardiovasculares mesmo em pessoas saudáveis

Com informações da Agência Fapesp
Proteína indica predisposição a doenças cardiovasculares mesmo em pessoas saudáveis
Pessoas com baixo nível da enzima PDIA1 no plasma sanguíneo podem ter maior propensão a trombose.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Predisposição a trombose

Medir o nível de uma enzima denominada PDIA1 no plasma sanguíneo pode se tornar uma forma de diagnosticar a predisposição a doenças cardiovasculares até mesmo em pessoas saudáveis e que não apresentam fatores de risco para as doenças do coração, como obesidade, diabetes, colesterol alto ou tabagismo.

"Nosso estudo mostrou que pessoas com baixo nível de PDIA1 no plasma têm um perfil de proteínas mais inflamatório, mais propenso a trombose. Por outro lado, indivíduos com plasma rico em PDIA1 têm mais proteínas do tipo que chamamos de housekeeping [que cuidam da casa], relacionadas à adesão e à homeostase celular, ou seja, mais ligadas ao funcionamento normal do organismo," explica o professor Francisco Martins Laurindo, da Faculdade de Medicina da USP, que fez a descoberta com o auxílio de colegas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e do Instituto Butantan.

Tudo começou quando a pesquisadora Percíllia Santos de Oliveira analisou amostras de plasma sanguíneo de 35 voluntários saudáveis, sem histórico de doenças crônicas ou agudas. Nenhum era fumante nem usava drogas ou medicamentos de uso contínuo.

O plasma foi coletado de 10 a 15 vezes, com intervalos variáveis, em um período de 10 a 15 meses. Na maior parte dos casos, os níveis de PDIA1 circulante mudavam muito pouco em cada indivíduo. Em um conjunto de cinco voluntários, a PDIA1 foi medida três vezes em um período de nove horas. Também nesse caso a variação dos resultados foi baixa.

"No entanto, as medidas indicaram que havia pacientes com valores bem elevados e outros com valores muito baixos de PDIA1, quase indetectáveis. Repetindo os testes na mesma pessoa ao longo do tempo, esses valores variavam muito pouco," explicou Laurindo.

Os autores fizeram em seguida diversos estudos adicionais correlacionando os valores plasmáticos de PDIA1 com assinaturas proteômicas (perfil de proteínas) do plasma daquele indivíduo. Células endoteliais vasculares em cultura tratadas com plasma pobre em PDIA1 tiveram a adesão e migração celular retardada em comparação às que receberam plasma rico em PDIA1.

Esses resultados indicam que os níveis de PDI1A no plasma sanguíneo podem ser um indicador de um conjunto de proteínas plasmáticas associadas à função endotelial, indicando uma possível propensão a doenças cardiovasculares.

Mesmo quando levadas em conta variáveis sabidamente ligadas ao risco dessas doenças, como idade, níveis de triglicérides e colesterol, verificou-se que não há correlação da proteína com esses fatores.

Os próximos passos da pesquisa incluem estudar os valores de PDIA1 em condições como doença coronária aguda e também outros membros da família das dissulfeto isomerase - são mais de 20 ao todo - a fim de comparar os resultados e confirmar ou não o potencial dessas proteínas como indicadores de propensão a doenças cardiovasculares.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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