30/09/2021

Proteína da saliva do pernilongo da dengue pode tratar doenças inflamatórias

Redação do Diário da Saúde
Proteína da saliva do pernilongo da dengue pode tratar doenças inflamatórias
O peptídeo poderá se tornar uma terapia não somente para a colite, mas também para outras doenças inflamatórias e autoimunes. [Imagem: Priscila Lara]

Lado bom do Aedes aegypti

Com a ameaça da dengue, zika e chikungunya, poucos poderiam imaginar que houvesse alguma coisa de útil na saliva dos pernilongos Aedes aegypti.

Mas foi justamente aí que a bióloga brasileira Priscila Lara, da USP, encontrou uma pequena proteína que se mostrou muito eficiente para tratar a colite, uma doença inflamatória do intestino.

A administração terapêutica de uma versão sintética do peptídeo em camundongos doentes reduziu a leucocitose (aumento de leucócitos no sangue, que acontece quando há alguma infecção em curso no organismo), a atividade dos macrófagos (células de defesa do organismo do hospedeiro) e a expressão de citocinas (substâncias que participam da inflamação e fazem a comunicação com componentes do sistema imunológico), bem como os níveis de óxido nítrico no intestino dos animais, o que resultou em uma melhora dos sinais clínicos.

O óxido nítrico é um radical livre sintetizado por várias células do nosso organismo, especialmente macrófagos, e desempenha papel importante em doenças inflamatórias intestinais, como doença de Crohn e colite ulcerativa.

Testes clínicos

Priscila demonstrou também que o peptídeo puro tem sua expressão aumentada em 30 vezes nas glândulas salivares dos mosquitos fêmeas, em comparação com os machos, e que sua secreção na saliva do inseto induz à produção de anticorpos específicos em animais expostos à picada dos mosquitos.

Pelo fato de não haver moléculas semelhantes em outros mosquitos e pernilongos, e equipe batizou a molécula de AeMOPE- sigla de Aedes-specific MOdulatory PEptide, ou "Peptídeo Modulador Específico do Aedes".

Para que a molécula se torne uma terapia não somente para a colite, mas também para outras doenças inflamatórias e autoimunes, será necessário agora chegar a uma formulação farmacêutica viável e otimizar as rotas de administração, para então partir para os ensaios clínicos.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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