18/08/2011

Psicóloga suíça quer quebrar o tabu do orgasmo

Andrew Littlejohn - Swissinfo

Inteligência emocional

A psicóloga suíça Andrea Burri ficou conhecida há dois anos, quando suas pesquisas sobre o comportamento sexual, especialmente o orgasmo feminino, foram amplamente divulgadas pela mídia.

Ela afirma que as mulheres que têm inteligência emocional têm uma vida mais prazerosa. O ponto G? Uma quimera.

Andrea Burri, nasceu em Berna, capital suíça, e estudou em Zurique. Ela já é considerada uma especialista de comportamento e disfunções sexuais.

A pesquisadora de 31 anos vive atualmente em Londres, onde continua suas pesquisas. Seus trabalhos sobre a sexualidade feminina tornaram-se conhecidos quando ela começou a falar abertamente do orgasmo feminino.

Genética, hormônios e educação

Recentemente ela declarou que a orientação sexual das mulheres depende de uma combinação genética, hormonal e da educação.

Seus estudos sobre o orgasmo suscitaram controvérsia, especialmente quando afirma que o misterioso ponto G reivindicado por algumas mulheres só existe na imaginação delas.

Durante suas pesquisas em psicologia clínica na Universidade de Zurique, ela rapidamente dedicou-se a estudar os comportamentos sexuais. "A depressão, como a anorexia, me interessavam, mas o sexo ainda mais", explica.

Sua fascinação provém da discrepância entre a atitude da sociedade em relação ao sexo e os complexos das pessoas comuns.

"Todo mundo fala de sexo, o sexo está por todo lado, nas revistas e na televisão, mas para muita gente continua a ser um assunto proibido. Os não-especialistas que devem falar dos meus estudos, às vezes ficam muito incomodados. Como é possível falar tanto de um assunto que continua sendo um tabu?"

Estigma

Andrea Burri fez mestrado na Alemanha, porque na Suíça não havia o ramo das ciências sexuais. Aliás, alguns de seus professores suíços tentaram dissuadi-la de prosseguir seus estudos dos comportamentos sexuais. "Eles receavam que eu fosse estigmatizada pelo meu trabalho. Mas eu era meio rebelde naquela época e então fui para Hamburgo."

E então a psicóloga foi mesmo estigmatizada? "Era antes chato porque, frequentemente, não te levam a sério nessa área. Eu utilizo a mesma metodologia aplicada nas pesquisas sobre o câncer, mas minha área não é considerada como apropriada ou, de certa maneira, séria."

Concretamente, o que ocorre é uma dificuldade constante de encontrar recursos para financiar as pesquisas sobre a sexualidade. "De um lado, é fácil fazer carreira porque não somos muito numerosos. De outro, nem sempre consigo financiamento e é uma luta permanente."

Ponto G fica na cabeça

Andrea Burri trabalha há quatro anos em Londres, dividindo seu tempo entre a Queen Mary University e o King's College.

Seus principais centros de interesse são a genética da orientação sexual e os distúrbios sexuais femininos. Ela conta que são áreas quase inexploradas na população feminina e que os estudos existentes são de má qualidade e pouco amplos.

"Em minhas pesquisas acerca das disfunções do orgasmo, encontrei estudos sobre o famoso ponto G, mas me dei conta que havia pouquíssimos estudos e com amostras muito pequenas de população. Achava irresponsável clamar a existência de uma entidade que jamais foi provada e, em certos casos, era baseada em apenas 30 mulheres no mundo."

A psicóloga acrescenta que a maioria dos estudos tentaram localizar o ponto G utilizando ecografias. Ela criou sua própria equipe de pesquisa no King's College de Londres para determinar a existência dessa zona erógena.

Não houve exame físico. Mais de 3000 mulheres, todas verdadeiras ou falsas gêmeas, responderam a um questionário, e especialmente se elas pensavam que a vagina continha essa pequena zona sensível.

Conclusão : o ponto G não existe como zona anatômica localizada. Esse é o mais importante feito até agora e foi publicado pelo Journal of Sexual Medicine em 2010 e teve repercussão na mídia internacional.

Disfunção sexual feminina

Mesmo que a educação psicossexual não seja desenvolvida atualmente, Andrea Burri continua preocupada pela pressão exercida sobre os homens e as mulheres pela maneira como a sociedade considera o sexo.

"A maneira como o sexo é apresentado na mídia e nos filmes cria frequentemente uma base de comparação que nem sempre é realista para o indivíduo. Há variações naturais e certas mulheres terão um apetite sexual mais desenvolvido que outras. Mesmo se os adultos parecem mais conscientes de sua sexualidade, isso pode ser contraproducente."

Nos últimos anos, a psicóloga observou um aumento da taxa de disfunção sexual feminina.

"Um dos fatores do diagnóstico é um sentimento de abandono. Mas qual é causa desse sentimento? É a condição real ou o que você pensa que é o que esperam de você e que você começa, então, a esperar de você mesmo?", questiona a psicóloga suíça.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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