05/10/2018 Lado sombrio da personalidade tem núcleo comumRedação do Diário da Saúde
Em sua essência, os traços sombrios geralmente têm mais em comum do que elementos que os diferenciem.[Imagem: StarWars.com]
Tríade das trevas Tanto a história do mundo quanto a vida cotidiana estão repletas de exemplos de pessoas agindo impiedosamente, de forma maliciosa ou egoísta. Na psicologia, assim como na linguagem cotidiana, temos diversos nomes para as várias tendências sombrias que o ser humano pode ter, entre os quais se destacam psicopatia (falta de empatia), narcisismo (autoabsorção excessiva) e maquiavelismo (a crença de que os fins justificam os meios). Especificamente esses três traços formam o que os psicólogos chamam de "tríade das trevas", às quais se juntam muitos outros, como egoísmo, sadismo ou maldade. O que agora se descobriu é que esses traços do "lado negro" parecem compartilhar um núcleo sombrio comum: quem tem uma dessas tendências tem mais probabilidade de também ter uma ou mais das outras. Embora à primeira vista pareça haver diferenças notáveis entre esses traços - ou possa parecer mais "aceitável" ser um egoísta do que um psicopata, por exemplo - uma nova pesquisa mostra que todos os aspectos sombrios da personalidade humana estão intimamente ligados e são baseados na mesma tendência. Fator D O denominador comum de todos os traços sombrios recebeu o nome de "fator D", do inglês dark, que significa escuro, sombrio, tenebroso, mau. O fator D foi definido por Morten Moshagen e seus colegas como a tendência geral de maximizar a utilidade individual de alguém, ao mesmo tempo desconsiderando, aceitando ou provocando de forma malévola a desutilidade para os outros, tudo isto acompanhado de crenças que servem como justificações para os próprios atos. Em outras palavras, todos os traços sombrios podem ser rastreados até a tendência geral de colocar os próprios objetivos e interesses sobre os dos outros, chegando ao ponto de sentir prazer em ferir os outros - junto com uma série de crenças que servem como justificativas e, assim, evitam sentimentos de culpa, vergonha ou coisa parecida. A pesquisa mostrou que os traços sombrios em geral podem ser entendidos como instâncias desse núcleo comum, embora possam diferir em quais aspectos são predominantes. Por exemplo, o aspecto das justificativas é muito forte no narcisismo, enquanto o aspecto de provocar desutilidade malévola é a principal característica do sadismo. Traços sombrios da personalidade Moshagen e seus colegas demonstraram como esse denominador comum está presente em nove dos mais comumente estudados traços sombrios da personalidade:
O Fator D indica a probabilidade de uma pessoa se envolver em comportamento associado a um ou mais dos traços sombrios da personalidade. [Imagem: University of Copenhagen] "Por exemplo, em uma determinada pessoa, o fator D pode se manifestar principalmente como narcisismo, psicopatia ou um dos outros traços sombrios, ou uma combinação destes. Mas, com o nosso mapeamento do denominador comum dos vários traços da personalidade sombria, pode-se simplesmente verificar que a pessoa tem um fator D alto. Isso ocorre porque o fator D indica a probabilidade de uma pessoa se envolver em comportamento associado a um ou mais desses traços sombrios," disse Moshagen. Na prática, isso significa que um indivíduo que apresenta um determinado comportamento malévolo (como gostar de humilhar os outros) terá uma probabilidade maior de se engajar em outras atividades malévolas. Elementos comuns do mal Os nove traços sombrios de forma alguma geram os mesmos resultados, e cada um pode resultar em tipos específicos de comportamento. No entanto, em sua essência, os traços sombrios geralmente têm muito mais em comum do que elementos que os diferenciem. O conhecimento sobre esse "núcleo escuro" da personalidade pode desempenhar um papel crucial para pesquisadores e terapeutas que trabalham com pessoas com traços específicos de personalidade sombria, já que esse fator D afeta diferentes tipos de comportamentos e ações humanas imprudentes e maliciosos, frequentemente relatados pela mídia, diz a equipe. A pesquisa foi publicada na revista Psychological Review por Morten Moshagen (Universidade de Ulm), Benjamin E. Hilbig (Universidade de Koblenz-Landau) e Ingo Zettler (Universidade de Copenhague). Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. |