15/01/2019

Quando você come em restaurantes, provavelmente come demais

Com informações da Agência Fapesp
Quando você come em restaurantes, provavelmente come demais
Estudo feito no Brasil, China, Finlândia, Gana, Índia e Estados Unidos mostrou que 94% das refeições servidas em restaurantes contêm mais do que o consumo energético por refeição recomendado.[Imagem: Pixabay]

Rápida ou lenta, comida demais

Você deve estar cansado de ouvir que alimentar-se em restaurantes de comida rápida (fast food) não é bom para a saúde e está ajudando a incentivar a "epidemia de obesidade" mundial.

Pois saiba que não é apenas esse tipo de restaurante que deveria estar na mira das campanhas de conscientização: Os tradicionais restaurantes à la carte estão servindo porções excessivas, contendo muito mais comida do que as pessoas necessitam em cada refeição - e às vezes, o suficiente para um dia inteiro.

E este padrão parece ser mundial. Um estudo realizado por uma equipe internacional de pesquisadores, incluindo brasileiros, mostrou que porções exageradas são comuns em restaurantes mundo afora. Os pesquisadores pesaram e mensuraram o valor calórico das refeições em restaurantes populares no Brasil, China, Finlândia, Gana e Índia.

O resultado mostrou que 94% das refeições à la carte e 72% dos pratos servidos em fast-foods continham mais de 600 quilocalorias - mais do que o consumo energético por refeição recomendado.

Com exceção da China, que apresentou pratos menos calóricos que nos outros países estudados, o consumo das porções servidas em restaurante fornece entre 70% e 120% das necessidades calóricas diárias para uma mulher sedentária, cerca de 2.000 quilocalorias.

"A obesidade é um problema mundial, causado por vários fatores como sedentarismo, ingestão de alimentos processados, açúcar e também pela quantidade excessiva de comida ingerida. Uma parcela da população pode estar confundindo fome com vontade de comer. Esse estudo mostra que, para combater a obesidade, é preciso também olhar para esses excessos," disse Vivian Suen, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, uma das autoras do estudo.

PF brasileiro

O tradicional PF (prato feito) brasileiro também não se saiu bem.

Os menos calóricos encontrados pelos pesquisadores tinham 700 gramas e 790 kcal, incluindo arroz, feijão, frango grelhado, legumes cozidos e ovo frito. Isso é menos do que um conhecido fast food, um pão de batata recheado com requeijão, presunto e bacon, com 333 gramas e 1.120 kcal.

Mas o PF mais calórico tinha nada menos do que um quilograma de comida, somando 2.013 kcal - mais do que o total recomendado para uma mulher ao longo de todo o dia.

A pesquisadora explica que as porções exageradas têm efeito também no chamado mecanismo compensatório.

"Normalmente, quando uma pessoa não obesa faz um almoço muito reforçado, ela tende a sentir menos fome e comer menos no jantar, por exemplo. Porém, e isso já foi muito estudado pelo grupo de pesquisadores da Universidade Tufts, os obesos perderiam essa percepção. Portanto, não ocorre mais essa regulação de comer menos na refeição subsequente," disse Suen.

Embora os resultados tenham mostrado que, na média, as refeições fast-foods continham menos calorias (809 calorias) que as servidas à la carte (1.317 kcal), o estudo está longe de ser uma defesa desse tipo de restaurante.

"Isso só mostra que enquanto estamos prestando atenção em fast-foods, com campanhas para alimentação saudável, que são muito positivas e necessárias, estamos deixando de lado fatores importantes como o tamanho das porções que estamos comendo. Isso pode ter um impacto grande também na obesidade mundial," disse Suen.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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