10/08/2022

Sangue artificial restaura função de células e órgãos uma hora após a morte

Redação do Diário da Saúde
Tecnologia restaura função de células e órgãos uma hora após a morte
Ilustração da perfusão de órgãos e recuperação celular. O análogo do sangue que salvou as células foi entregue aos órgãos vitais uma hora após a morte.[Imagem: Marin Balaic/Yale]

De volta à vida

Quando o coração para de bater, uma cascata de eventos bioquímicos é desencadeada pela falta de fluxo sanguíneo, oxigênio e nutrientes, o que começa a destruir as células e órgãos do corpo em uma questão de minutos.

Mas os cientistas descobriram que a falha celular maciça e permanente não necessariamente acontece tão rapidamente - é possível ganhar um tempo precioso.

Usando uma nova tecnologia que fornece um fluido protetor de células especialmente projetado para órgãos e tecidos - uma espécie de "sangue artificial" altamente nutritivo -, os pesquisadores mostraram que é possível restaurar a circulação sanguínea e outras funções celulares em porcos até uma hora após a morte dos animais.

A tecnologia consiste em um dispositivo de perfusão, semelhante às máquinas de circulação extracorpórea, que fazem o trabalho do coração e dos pulmões durante cirurgias. O equipamento injeta no corpo um fluido contendo compostos capazes de promover a saúde celular e suprimir a inflamação. O teste envolveu induzir uma parada cardíaca em porcos anestesiados, que foram então tratados com a nova tecnologia uma hora após seu coração parar de bater.

"Nem todas as células morrem imediatamente, há uma série mais prolongada de eventos," disse o Dr. David Andrijevic, da Universidade de Yale (EUA). "É um processo no qual você pode intervir, parar e restaurar alguma função celular."

Órgãos para transplantes e órgãos danificados

Normalmente, quando o coração para de bater, os órgãos começam a inchar, colapsando os vasos sanguíneos e bloqueando a circulação. No entanto, a circulação foi restaurada e os órgãos dos porcos mortos pareciam funcionais ao nível das células e dos tecidos - os animais não "reviveram", no sentido literal.

Assim, estes resultados indicam que é possível estender a saúde dos órgãos humanos durante cirurgias graves, além de abrir a possibilidade de aumentar a viabilidade de órgãos doados para transplantes.

"Se pudermos restaurar certas funções celulares no cérebro morto, um órgão conhecido por ser mais suscetível à isquemia [suprimento sanguíneo inadequado], levantamos a hipótese de que algo semelhante também pode ser alcançado em outros órgãos vitais para transplante," disse Nenad Sestan, membro da equipe.

A tecnologia poderá eventualmente ter muitas outras aplicações potenciais, dizem os pesquisadores. Por exemplo, ela pode ajudar a tratar órgãos ou tecidos danificados por isquemia durante ataques cardíacos ou derrames.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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