24/10/2019

Se você apressá-las, as pessoas lhe dirão o que você quer ouvir

Redação do Diário da Saúde

Respostas socialmente corretas

Quando solicitadas a responder perguntas de maneira rápida e impulsiva, as pessoas tendem a responder com uma resposta socialmente desejável, e não com uma resposta honesta.

"O método de 'Responda rapidamente e sem pensar', um elemento básico da pesquisa psicológica há tempos, pode estar fazendo muitas coisas, mas uma coisa que ele gera é fazer as pessoas mentirem para você e dizer o que elas acham que você quer ouvir. Isso pode significar que precisamos revisitar a interpretação de muitas descobertas de pesquisas que usam a técnica 'Responda rapidamente'," disse o professor John Protzko, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (EUA).

"A ideia sempre foi que temos uma mente dividida - um tipo intuitivo, animalesco, e um tipo mais racional," prosseguiu Protzko. "E supõe-se que o tipo mais racional esteja sempre controlando a mente de ordem inferior. Se você pedir às pessoas para responderem rapidamente e sem pensar, é para lhe dar uma espécie de acesso secreto a essa mente de ordem inferior".

Para testar essa suposição, que os cientistas aceitam há décadas, a equipe criou um teste consistindo em 10 perguntas simples de sim ou não, como "Algumas vezes me sinto ressentido quando não consigo o que quero" e "Não importa com quem estou falando, eu sou sempre um bom ouvinte". Os entrevistados foram divididos em três grupos, um dos quais só podia responder pelo menos 11 segundos após a pergunta, outro que devia levar no máximo 11 segundos para responder, e outro sem qualquer limitação de tempo.

O grupo de respostas rápidas mostrou-se mais propenso a dar respostas socialmente desejáveis, enquanto os que respondiam devagar e aqueles que não tinham restrições de tempo (rápidas ou lentas) eram menos propensos a fazer o mesmo.

Eu sou bom e só digo a verdade

Em um experimento subsequente, os pesquisadores se concentraram em descobrir se as pessoas tendem a dar respostas socialmente aceitáveis sob pressão do tempo porque se veem como genuinamente virtuosas - um fenômeno conhecido como "viés do eu-bom-e-verdadeiro".

Para isso, os voluntários participaram de uma tarefa de julgamento social projetada para avaliar o grau em que cada um atribuía um comportamento moralmente bom ou ruim ao verdadeiro eu. Aqueles que obtiveram pontuações mais baixas na escala do viés do eu-bom-e-verdadeiro (isto é, acham que elas próprias e os outros são mais uma mistura de boas e más qualidades) presumivelmente deveriam ser menos propensas a dar respostas socialmente desejáveis sob pressão do tempo.

No entanto, o que os pesquisadores descobriram foi que os indivíduos que obtiveram uma alta pontuação na medição do eu-bom-e-verdadeiro deram respostas altamente desejáveis socialmente, e de maneira ainda mais pronunciada quando receberam tempo suficiente para pensar. Em contrapartida, foram os que obtiveram pontuações mais baixas no viés que ajustaram suas respostas, respondendo de uma maneira mais socialmente desejável sob pressão do tempo.

Em outras palavras, a pressão do tempo não traz à tona o "autêntico eu" de uma pessoa. Sob pressão do tempo, as pessoas podem sucumbir ao seu desejo de sejam virtuosas, mesmo que isso signifique representar a si mesmas de forma incorreta, concluiu Protzko.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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