19/08/2010
Telepsiquiatria assíncrona atende pacientes pela internet
Phyllis Brown
Teleconsulta
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, revela que os psiquiatras são capazes de avaliar com precisão a saúde mental de um paciente sem entrevistá-lo pessoalmente.
A "teleconsulta" é feita por meio de gravações de imagens ou voz, onde os pacientes relatam seus problemas e pedem aconselhamento.
A abordagem, chamada de telepsiquiatria assíncrona, usa tecnologias de armazenamento digital, por meio das quais a informação é gravada e transmitida para o médico, em arquivos anexados ao e-mail ou por meio de aplicativos web.
O termo "assíncrona" se refere ao fato de que a conversa entre o psiquiatra e o paciente não é interativa - assim, não há a "sincronia" natural de uma conversa, em que perguntas e respostas se sucedem imediatamente.
Este facilitador tem sido usado extensivamente por algumas especialidades médicas, como dermatologistas, que recebem fotos dos problemas da pele, e por radiologistas, que recebem as imagens de raios X digitalizadas para avaliação.
Telepsiquiatria
No entanto, este é o primeiro estudo a examinar a tecnologia de consulta à distância para a psiquiatria.
"Nós demonstramos que esta abordagem é viável e muito eficiente," diz o coautor do estudo, Peter Yellowlees, que é especialista em telepsiquiatria. "Usando a tecnologia de armazenamento e transmissão, podemos dar pareceres para os médicos de atendimento primário muito mais rapidamente do que seria normalmente o caso."
No estudo, os pacientes foram entrevistados em seções com duração de 20 a 30 minutos pelo médico do posto de saúde, que fazia o atendimento de primeira instância. As entrevistas eram gravadas e a seguir enviadas para os especialistas na Universidade.
Cinquenta e um por cento dos pacientes receberam diagnóstico de transtornos de humor, 19 por cento receberam diagnósticos de transtornos por uso de substâncias químicas, 32 por cento receberam diagnósticos de transtornos de ansiedade e cinco por cento receberam outros diagnósticos - incluindo a cleptomania, esquizofrenia e distúrbios do sono. Alguns dos indivíduos apresentaram múltiplos diagnósticos.
Embora tenham feito recomendações para mudanças de medicação em 95 por cento dos pacientes, os psiquiatras também pediram avaliações laboratoriais complementares para mais de 80 por cento dos doentes - algo que também acontece nas consultas normais.
Prontuário eletrônico multimídia
Segundo os pesquisadores, a telepsiquiatria assíncrona não deve substituir as avaliações psiquiátricas face a face e não é adequada para pacientes com condições psiquiátricas de urgência.
Mas há uma série de circunstâncias em que ela seria útil, principalmente no auxílio aos médicos de acesso primário, além de permitir um maior acesso da população a consultas psiquiátricas.
"Há uma escassez substancial de psiquiatras," diz Yellowlees. "A telepsiquiatria assíncrona poderia ser usada pelos militares e em diferentes contextos rurais e metropolitanos. Ela sinaliza o começo do verdadeiro prontuário eletrônico multimídia, com as gravações de vídeo clínicas tornando-se parte do conjunto de dados dos pacientes."
Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br
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