11/05/2020

Temperamento infantil prevê personalidade mais de 20 anos depois

Redação do Diário da Saúde
Temperamento infantil prevê personalidade mais de 20 anos depois
Estudos sobre fobia social mostram que, muitas vezes, os outros sabem mais sobre você do que você mesmo.[Imagem: Carlotta Silvestrini/Pixabay]

Inibição comportamental

Observe seus filhos pequenos e você terá um quadro bastante fidedigno de como eles serão quando adultos.

A inibição comportamental na infância, por exemplo, conseguiu prever uma personalidade reservada e introvertida aos 26 anos de idade - 20 anos após as observações iniciais -, mostrando como o temperamento molda o curso da vida dos adultos.

Para aqueles indivíduos que demonstravam sensibilidade a cometer erros na adolescência, os resultados indicaram maior risco de distúrbios internalizantes (como ansiedade e depressão) na idade adulta.

"Embora muitos estudos vinculem o comportamento da primeira infância ao risco de psicopatologias, os resultados do nosso estudo são únicos. Isso porque nosso estudo avaliou o temperamento muito cedo na vida, vinculando-o a consequências que ocorreram mais de 20 anos depois por meio [da observação] de diferenças individuais nos processos neurais," disse o professor Daniel Pine, do Instituto Nacional de Saúde Mental e da Universidade de Maryland (EUA).

O que é temperamento

Na abordagem adotada pelos pesquisadores, o temperamento refere-se a diferenças individuais, mensuradas biologicamente, na maneira como as pessoas respondem ao mundo em termos emocionais e comportamentais. Durante a infância, o temperamento serve de base para a personalidade posterior. Um tipo específico de temperamento, chamado inibição comportamental, é caracterizado por um comportamento cauteloso, medroso e de esquiva em relação a pessoas, objetos e situações desconhecidos.

Os dados mostram que a inibição comportamental é relativamente estável entre a primeira infância e a infância, e as crianças com inibição comportamental correm maior risco de desenvolver distúrbios de abstinência social e ansiedade do que as crianças sem inibição comportamental.

No início do estudo, os pesquisadores avaliaram a inibição comportamental dos bebês aos 14 meses de idade. Aos 15 anos, esses participantes retornaram ao laboratório para fornecer dados neurofisiológicos.

Temperamento infantil prevê personalidade mais de 20 anos depois
O mês do nascimento também afeta o temperamento das pessoas de forma mensurável.
[Imagem: Wikipedia/Zachariel]

Essas medidas neurofisiológicas foram usadas para avaliar a "negatividade relacionada a erros", que é uma queda no sinal elétrico registrado no cérebro que ocorre após respostas incorretas em tarefas computadorizadas. A negatividade relacionada a erros reflete o grau em que as pessoas são sensíveis ao fato de cometerem erros.

Os sinais mais fortes foram associados a condições de internalização, como ansiedade, enquanto uma negatividade relacionada a erro muito pequena foi associada a condições de externalização, como impulsividade e uso de substâncias viciantes.

Da criança ao adulto

Finalmente, os participantes retornaram aos 26 anos para avaliações de psicopatologia, personalidade, funcionamento social e avaliação de como haviam se saído na educação e no emprego.

Os pesquisadores descobriram que a inibição comportamental aos 14 meses de idade previa, aos 26 anos, uma personalidade mais reservada, menos relacionamentos românticos nos últimos 10 anos e menor funcionamento social com amigos e familiares.

A inibição comportamental aos 14 meses também previu níveis mais altos de psicopatologia internalizante na idade adulta, mas apenas para aqueles que também apresentaram maiores sinais de negatividade relacionada aos erros aos 15 anos.

A inibição comportamental não mostrou associação à externalização de psicopatologia em geral ou conexão com os resultados na educação e no emprego.

"Estudamos a biologia da inibição comportamental ao longo do tempo e ficou claro que ela tem um efeito profundo que influencia o resultado do desenvolvimento," concluiu o Dr. Nathan Fox, membro da equipe.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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