16/08/2007

Teoria e prática da assistência ao bebê prematuro vira multimídia

Aline Moraes

Bebês prematuros

Experimentar, de maneira virtual, a prática da assistência ao recém-nascido prematuro. É o que permite o software educacional desenvolvido pela enfermeira Luciana Mara Monti Fonseca, em seu doutorado pela Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. Por meio de simulações, testes e conteúdo teórico em formato multimídia, o software pode auxiliar na imersão de estudantes na vivência real em hospitais e na capacitação de profissionais que fazem a avaliação clínica de prematuros.

Medo, ansiedade e insegurança

"O estudante sente medo, ansiedade e insegurança ao cuidar de bebês prematuros, pois são muito frágeis", avalia Luciana. "Na escola, o ensino de semiotécnica e semiologia [forma de colher dados e estudá-los] fica distante da prática. E mesmo os profissionais sentem falta de um material de apoio que permita uma ligação rápida entre teoria e prática". Por meio da informática, Luciana elaborou um material que apresenta as especificidades da avaliação clínica do prematuro de forma gradativa e mais próxima da realidade.

Software livre

Um dos próximos passos da pesquisa é disponibilizar o material educacional na internet, para uso livre por estudantes e profissionais

O software foi validado por especialistas em informática e em audiovisual, docentes e enfermeiros. Segundo a pesquisadora, a grande maioria dos itens avaliados recebeu conceitos "bom" e "muito bom" de mais de 70% dos avaliadores, "considerando-se, assim, que o produto desenvolvido está adequado para a disponibilização e uso no ensino".

Avaliação clínica dos recém-nascidos

A "aula" via computador começa explicando - com fotos, figuras, vídeos e sons -conceitos teóricos e práticos das técnicas usadas na avaliação clínica, como inspeção, percussão, palpação e ausculta. Em seguida, o software apresenta o contexto dessa avaliação na unidade neonatal, no qual estão inseridos o avaliador, o recém-nascido, o ambiente e a família.

"Não há nada parecido na sala de aula. O contato dos alunos com o prematuro acontece apenas nas atividades teórico-práticas (estágio), quando os estudantes se dão conta da infinidade de características físicas e comportamentais do prematuro", explica a enfermeira. "E o ir e vir da avaliação clínica, até que o aprendizado se concretize, faz com que o bebê seja manipulado excessivamente e exposto a variações de temperaturas, o que pode causar sua instabilidade clínica".

O que é normal e o que é anormal

Os recursos multimídia ajudam também a identificar o que é um achado normal e anormal nos resultados da avaliação, preparando para o diagnóstico. "Os vídeos facilitam muito o aprendizado, pois o aluno vai para a prática sabendo muito mais", diz a pesquisadora.

Na última parte do software, as simulações apresentam problemas que o usuário pode encontrar na prática e os conhecimentos adquiridos são testados por meio de 143 questões de múltipla escolha. "Considera-se que houve aprendizado adequado quando os acertos representarem, pelo menos, 70% das questões". Ao final, pode-se imprimir o resultado dos testes.

Aprendizado flexível

Luciana explica que "em contraponto à metodologia tradicional de ensino, o software foi pensado de forma a respeitar o ritmo de aprendizagem de cada estudante, e numa estrutura de navegação flexível, menos rígida". Assim, o usuário pode navegar livremente pelo software, usando os recursos de hipertexto (links) para criar seu próprio roteiro de aprendizado, aprofundando o quanto for necessário no momento. Pode ser útil a estudantes de qualquer período, do primeiro ao último. "O aprendizado, para ser efetivo, tem que ser significativo para o aluno", completa a pesquisadora.

A primeira versão do software, que está disponibilizada em CD-ROM, pode ser encontrada junto com a tese. Luciana prepara uma segunda versão, aperfeiçoada, como proposta de pós-doutorado. Além de implementar o software e validá-lo junto aos estudantes, a pesquisadora pretende adaptá-lo para disponibilização na internet, "visando abranger o acesso e, inclusive, a educação à distância".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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