13/07/2015

Testes de memória por computador são fáceis de enganar

Redação do Diário da Saúde
Testes de memória por computador são fáceis de enganar
"Se esse tipo de tecnologia será capaz de capturar a verdade sobre a memória em todos os contextos... eu acho que é improvável."[Imagem: Stanford Memory Laboratory]

Memórias verdadeiras e fantasias

Recentemente os cientistas descobriram que uma das ferramentas que eles mais usam nos estudos de neurociências, a ressonância magnética funcional (fMRI), possui um problema que pode ter inserido erros involuntários na maioria desses estudos.

Agora, Anthony Wagner e seus colegas da Universidade de Stanford (EUA) demonstraram que, com um pouco de concentração, qualquer pessoa pode enganar os testes de memória feitos com o mesmo equipamento.

Esses estudos de memória acoplam o rastreamento em tempo real do cérebro feito pela ressonância magnética funcional com um algoritmo de aprendizado de máquina - um programa de computador que aprende conforme analisa mais dados - para revelar se uma pessoa realmente se lembra de um determinado objeto.

O problema é que agora se descobriu que, com um pouco de concentração, qualquer voluntário pode não apenas esconder suas memórias reais das máquinas, como também criar fantasias e mentiras que aparecem nos exames como memórias reais.

A equipe salienta que isto mostra que será necessário trabalhar muito antes de colocar essa tecnologia em aplicações reais - já se fala em seu uso em provas forenses, além de medicina, estudos e avaliações de comportamento e pesquisas de marketing.

Quando a tecnologia falha

A equipe explorou justamente o aspecto forense da técnica, trabalhando com voluntários que tentavam reconhecer rostos vistos anteriormente. Mas bastou que eles se concentrassem em aspectos dos rostos já conhecidos, mas nos quais eles não haviam prestado atenção antes, para conseguirem enganar a máquina e negarem já ter visto rostos conhecidos sem serem flagrados pelo programa de computador.

"Da mesma forma, se você ver um rosto novo, pensar em uma pessoa parecida e tentar gerar os detalhes mais ricos que você puder sobre aquele rosto, isto fará com que seu cérebro fique em um estado similar ao de uma recordação [verdadeira]," explicou Wagner.

Com os voluntários sabendo dessas técnicas, a "eficiência" da máquina caiu a zero, dando resultados equivalentes a jogar uma moeda para cima.

"Se esse tipo de tecnologia será capaz de capturar a verdade sobre a memória em todos os contextos... eu acho que é improvável. De fato, nossos novos dados demonstram apenas uma instância na qual a tecnologia falha," concluiu o pesquisador.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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