Treino de força rejuvenesce nervos e previne quedas em idosos

Para medir a velocidade de condução nervosa de cada participante, Jason e Jocarol usaram testes de condução nervosa, que estimulam os nervos nos músculos do antebraço e medem a rapidez com que o músculo é ativado.[Imagem: Syracuse University]

Acordando os neurônios

Um simples exercício de fortalecimento muscular é suficiente para reativar neurônios "adormecidos" pelo envelhecimento, melhorando a velocidade e os reflexos nervosos.

Com o avançar da idade, os nervos que comandam nossos movimentos naturalmente se degradam, um processo chamado desnervação. Especialmente em pessoas sedentárias, os neurônios motores mais rápidos - responsáveis por movimentos explosivos e por estabilizar o corpo rapidamente - são os primeiros a se desconectar do músculo. Essa perda resulta em reflexos mais lentos, menos força e um risco muito maior de quedas, que podem ter sérias consequências para a independência e a qualidade de vida dos idosos.

Jocarol Shields e colegas da Universidade de Siracusa (Itália) demonstraram que que idosos que praticaram um treino de preensão manual por quatro semanas tiveram uma melhora significativa na velocidade de condução dos seus nervos, reativando os neurônios inativos pela idade.

O treino de força, mesmo simples e de curta duração, conseguiu reverter a deterioração desses nervos que controlam os músculos, o que é um dos efeitos debilitantes do envelhecimento.

100% de melhoria

A equipe recrutou 48 participantes entre 18 e 84 anos. Todos realizaram um treino de força com um dinamômetro de mão, três vezes por semana, durante um mês. Antes e depois do período, os pesquisadores mediram a força máxima e a velocidade de condução nervosa no antebraço.

Os resultados foram claros: 100% dos participantes idosos apresentaram melhora na velocidade dos seus nervos após o treino.

A hipótese dos cientistas é que o exercício tenha promovido um processo de reinervação, reconectando neurônios rápidos que estavam inativos. "Quando você perde os neurônios rápidos, você perde as fibras musculares rápidas que são ativadas por eles e, consequentemente, sua potência diminui," explicou o professor Jason de Freitas. "Se você puder reativar esses neurônios perdidos, você pode produzir força mais rápido novamente, e isso tem implicações práticas para que um escorregão não se torne uma queda grave."

Saúde neurológica na terceira idade

A descoberta vai muito além do fortalecimento muscular. Ela aponta que o treino de resistência é uma ferramenta poderosa para a saúde neurológica na terceira idade. A prática pode ser incorporada em programas de exercícios para idosos, visando preservar a força, a velocidade de reação e, consequentemente, a independência, recomendam os pesquisadores.

Além disso, o estudo abre caminho para investigar se o treino de força pode ser uma contramedida eficaz para a degradação de nervos causada por outras condições, como doenças do sistema nervoso. A equipe já planeja novos experimentos para confirmar se a reativação neuronal observada nas mãos se traduz para outros grupos musculares críticos para o equilíbrio.

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