09/06/2020

Ultra-som aplicado ao cérebro muda comportamento e pode tratar depressão

Redação do Diário da Saúde
Ultra-som aplicado ao cérebro muda comportamento e pode tratar depressão
Os ultra-sons são focalizados na estrutura cerebral sobre a qual se quer atuar.[Imagem: Jan Kubanek/Utah University]

Terapia de ultra-som

Ondas sonoras de alta frequência - na mesma frequência do ultra-som usado nos exames médicos - dirigidas ao cérebro de um paciente pode ser uma nova alternativa para o tratamento de pacientes com depressão, ansiedade e distúrbios neurológicos, como dor crônica e epilepsia.

Além de ser não-invasiva, a técnica não envolve medicamentos ou cirurgia e mostrou um potencial único em termos de resultados.

"Os distúrbios cerebrais devem ser tratados de maneira direcionada e personalizada, em vez de oferecer aos pacientes coquetéis de medicamentos," defende o professor Jan Kubanek, da Universidade de Utah (EUA). "Mas, para isso, precisamos de uma ferramenta que ofereça tratamentos não-invasivos, precisos e personalizados para atuar na origem do problema em cada indivíduo. Isso até agora vinha sendo apenas um sonho".

A ideia envolve disparar pulsos de som em uma frequência alta e inaudível, direcionada ao cérebro, usando um transdutor ultrassônico, semelhante aos usados para exames de ultra-som na gravidez. Os pulsos sonoros são dirigidos aos circuitos neurais no cérebro, gerando uma oscilação das membranas neuronais, ativando neurônios e influenciando o comportamento que esses neurônios controlam. Segundo as avaliações feitas até agora, não há dor ou desconforto na aplicação do tratamento.

"Dessa forma, você pode alterar a atividade dos neurônios e também a conectividade entre os neurônios estimulados e seus vizinhos, o que tem o potencial para fazer os circuitos neurais com mau funcionamento retornarem de volta ao seu estado normal," disse Kubanek.

Técnica para mudar o comportamento

Nestes primeiros experimentos, a equipe aplicou ondas ultrassônicas no cérebro de macacos, que estavam sendo submetidos a tarefas que exigiam que eles decidissem se deveriam olhar para a esquerda ou para a direita. Com as frequências certas e alvejando os neurônios certos, os pesquisadores foram capazes de controlar se os animais escolheriam a direita ou a esquerda, independentemente dos fatores que os atraíam para um ou outro lado.

O professor Kubanek afirma que esse experimento demonstrou uma maneira simples de medir o quanto os efeitos do ultra-som são potentes. "Nosso trabalho mostra que o ultra-som pode produzir efeitos fortes, até o ponto de influenciar o comportamento. E as mudanças no comportamento são o que nos interessa. Por exemplo, podemos ser capazes de corrigir más decisões ou mesmo reduzir o tremor nas mãos de uma pessoa."

Os pesquisadores usaram estímulos curtos - no máximo 40 segundos - mas mesmo esses estímulos curtos conseguiram religar os circuitos alvejados por horas. O professor Kubanek acredita que estímulos mais longos, com duração próxima a 40 minutos, possam produzir resultados que potencialmente durem semanas.

A equipe já construiu um protótipo de aparelho para realizar esses tratamentos em pacientes. O próximo passo será iniciar os primeiros ensaios clínicos em pacientes com depressão grave.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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