25/04/2023

Ursos em hibernação elucidam paradoxo da trombose

Redação do Diário da Saúde
Ursos em hibernação elucidam paradoxo da trombose
Por que os ursos hibernam durante meses e não têm trombose, e pacientes têm depois de ficar apenas alguns dias acamados?[Imagem: Dmitry Abramov/Pixabay]

Risco de trombose

Os cientistas há muito discutem um paradoxo visto na natureza e nos próprios seres humanos que pode ter um grande impacto no tratamento e na prevenção de problemas de saúde potencialmente fatais.

O paradoxo é que ursos e outros animais que entram em hibernação, assim como pacientes paraplégicos, passam meses ou até anos deitados quase imóveis sem apresentar sinais de trombose, um problema que rapidamente acomete pessoas saudáveis que acabem na imobilidade por algum tempo.

Manuela Thienel e colegas do Instituto Max Planck de Bioquímica (Alemanha) acreditam ter desvendado esse mistério.

Depois de rastrear, monitorar e colher amostras de sangue de ursos pardos na natureza por mais de 10 anos, a equipe não encontrou quaisquer diferenças no sistema de coagulação dos animais entre os períodos de verão e inverno, quando os animais entram em hibernação.

Frustrados, os cientistas voltaram para o laboratório e começaram a investigar o sangue dos animais em maiores detalhes, prestando mais atenção sobretudo nas plaquetas.

E era lá mesmo que estava a resposta: Nos períodos em que os ursos estavam em hibernação, a interação entre as plaquetas e as células imunológicas ficou mais lenta, o que explica a ausência da trombose venosa.

Proteína de choque térmico

A descoberta crucial foi que 71 proteínas foram reguladas positivamente e 80 reguladas negativamente durante a hibernação, em comparação com a atividade de verão.

De todas elas, a mais marcante, com uma desaceleração de 55 vezes, é a de número 47, que os pesquisadores chamam de HSP47, sigla em inglês para "proteína de choque térmico 47".

A equipe então pesquisou os mesmos mecanismos em pacientes paralisados e em voluntários e encontrou a mesma característica.

Em um contexto biomédico, isso significa que bloquear a HSP47 com uma molécula adequada em pacientes imobilizados pode prevenir o risco de trombose venosa. Embora pequenas moléculas que podem inibir a HSP47 estejam disponíveis para experimentos de laboratório, elas não são adequadas para uso em humanos. Procurar substâncias adequadas para isso é o próximo objetivo da equipe.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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