15/07/2022

Em vez de dose de reforço, que tal uma vacina que se autorreforça?

Redação do Diário da Saúde
Em vez de dose de reforço, que tal uma vacina que se autorreforça?
As micropartículas são ajustadas para liberar a vacina em diferentes momentos, dispensando as doses de reforço.[Imagem: Second Bay Studios/MIT]

Vacina com reforço automático

A maioria das vacinas, do sarampo à covid-19, requer múltiplas injeções antes que a pessoa seja considerada totalmente vacinada.

No caso da covid, cujas vacinas ainda têm eficácia baixa, está sendo necessário tomar doses de reforço com poucos meses de intervalo; a vacina contra a gripe também exige doses anuais.

Para tentar tornar as coisas mais fáceis e as vacinas mais eficazes, pesquisadores do MIT (EUA) desenvolveram micropartículas que podem ser ajustadas para liberar sua carga útil - o princípio ativo da vacina - em diferentes momentos no tempo. Em outras palavras, essas partículas podem ser usadas para criar vacinas "autorreforçadoras".

O agente ativo da vacina é liberado conforme as partículas se degradam já no corpo. E, além de se degradar ao longo do tempo, elas podem ser ajustadas para liberar seu conteúdo em diferentes momentos.

Usando essas partículas - pense nelas como pequenos frascos de remédio com uma tampa que se abrirá automaticamente no futuro - passa a ser possível projetar vacinas de aplicação única; a "dose de reforço" seria providenciada pela própria vacina, conforme uma parte das partículas é programada para abrir no futuro.

Em vez de dose de reforço, que tal uma vacina que se autorreforça?
Processo de degradação de uma partícula, que só libera a vacina quando sua casca se rompe.
[Imagem: Morteza Sarmadi et al. - 10.1126/sciadv.abn5315]

Vacinas, câncer, terapia hormonal e mais

Esse tipo de entrega de vacina pode ser particularmente útil para administrar vacinas infantis em regiões onde as pessoas não têm acesso frequente a cuidados médicos, dizem os pesquisadores.

"Esta é uma plataforma que pode ser amplamente aplicável a todos os tipos de vacinas, incluindo vacinas baseadas em proteínas recombinantes, vacinas baseadas em DNA e até vacinas baseadas em RNA," disse a professora Ana Jaklenec. "Compreender o processo de liberação das vacinas nos permitiu trabalhar em formulações que abordam parte da instabilidade que pode ser induzida ao longo do tempo."

Essa abordagem também pode ser usada para fornecer uma série de outras terapêuticas, incluindo medicamentos contra o câncer, terapia hormonal e medicamentos biológicos, dizem os pesquisadores.

A equipe já usou suas partículas para projetar uma vacina autorreforçadora contra a poliomielite, que agora está sendo testada em animais. Normalmente, a vacina contra a poliomielite deve ser administrada como uma série de duas a quatro injeções separadas.

"Acreditamos que essas partículas de núcleo e envoltório têm o potencial de criar uma vacina segura, de injeção única e autorreforçadora, na qual um coquetel de partículas com diferentes tempos de liberação pode ser criado alterando a composição. Essa abordagem de injeção única tem o potencial de não apenas melhorar a adesão do paciente, mas também de aumentar as respostas imunes celulares e humorais à vacina," disse o professor Robert Langer.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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