10/02/2021

Vírus podem evoluir para beneficiar organismo que infectam

Redação do Diário da Saúde
Vírus podem evoluir para beneficiar organismo que infectam
As plantas infectadas com o vírus evoluído (direita) viveram 25% mais do que as infectadas com o vírus comum (centro). [Imagem: Rubén González et al. - 10.1073/pnas.2020990118]

Vírus que se convertem

Cientistas descobriram que um vírus reduz sua própria virulência quando seu organismo hospedeiro, uma planta, está enfrentando dificuldades de sobrevivência, como uma seca severa.

Esta é a primeira pesquisa que mostra que a relação entre um vírus e seu hospedeiro pode evoluir em função das condições ambientais, o que faz o vírus passar de uma ameaça a um colaborador.

Os cientistas ainda não sabem se esse comportamento é válido para outros vírus.

O grupo do professor Rubén González, da Universidade de Valência (Espanha), observou que, em condições de seca para a planta Arabidopsis thaliana, uma planta herbácea da família das crucíferas (parente do brócolis e da couve-flor), o vírus do mosaico do nabo (TuMV, na sigla em inglês) evolui seu genoma de forma que ele seja capaz de alterar o relógio biológico, ou ritmo circadiano, do seu hospedeiro.

Essa nova funcionalidade evita que a planta perca água, aumentando sua sobrevivência em até 25%.

"Sob condições normais, o vírus mostra sua visão clássica de patógeno ao matar as plantas regadas. Porém, as plantas infectadas que foram submetidas a condições de estresse devido à seca permaneceram vivas," explica o pesquisador Santiago Fito.

Plantas resistentes à seca

As plantas infectadas com o vírus "evoluído" pela seca mostraram uma série de mudanças nos genes associados ao ritmo circadiano, o sistema que controla os processos biológicos nas plantas e nos animais - no caso das plantas, a alteração afetou sua resposta à falta de água.

Segundo a equipe, esta descoberta pode abrir inúmeras portas, a começar pela possibilidade de criar vírus modificados para gerar plantas mais resistentes à seca.

Eles querem agora prosseguir o estudo com um modelo animal - o nematoide Caenorhabditis elegans - para verificar se essas mudanças observadas nas plantas também ocorrem na relação entre vírus e um hospedeiro animal.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

URL:  

A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos.
Copyright 2006-2023 www.diariodasaude.com.br. Cópia para uso pessoal. Reprodução proibida.