22/03/2019

Vírus do HPV dormentes reativam-se em astronautas - NASA está investigando

Redação do Diário da Saúde
Vírus do HPV dormentes reativam-se em astronautas - NASA está investigando
Aumentos nos hormônios do estresse, como o cortisol das glândulas suprarrenais, resultam em reduções na imunidade celular, o que facilita a reativação viral oportunista.[Imagem: Bridgette V. Rooney et al. - 10.3389/fmicb.2019.00016]

Reativação do HPV em astronautas

Os vírus do herpes (HPV) reativaram-se em mais da metade dos astronautas a bordo das missões dos ônibus espaciais e da Estação Espacial Internacional, informaram pesquisadores da NASA em um artigo publicado na revista científica Frontiers in Microbiology.

Embora apenas uma pequena proporção dos astronautas tenha desenvolvido sintomas, as taxas de reativação do vírus aumentaram com a duração do voo espacial e podem representar um risco significativo à saúde em missões mais longas, como a NASA planeja fazer para Marte e além.

"Os astronautas da NASA suportam semanas ou até meses expostos à microgravidade e à radiação cósmica - sem mencionar as extremas forças G da decolagem e reentrada. Esse desafio físico é agravado por estressores mais familiares, como separação social, confinamento e ciclo alterado de sono e vigília," disse o Dr. Satish Mehta, do Centro Espacial Johnson.

Derramamento viral

Para estudar o impacto fisiológico dos voos espaciais, a pesquisadora Bridgette Rooney, da NASA, começou analisando amostras de saliva, sangue e urina coletadas dos astronautas antes, durante e depois do voo espacial.

"Durante o voo espacial há um aumento na secreção de hormônios do estresse, como o cortisol e a adrenalina, que são conhecidos por suprimir o sistema imunológico. Achamos que as células imunes do astronauta - particularmente aquelas que normalmente suprimem e eliminam vírus - se tornam menos eficazes durante voos espaciais e às vezes até 60 dias depois," contou ela.

No meio dessa "anestesia imunológica" induzida pelo estresse, os vírus latentes são reativados e ressurgem.

"Até o momento, 47 de 89 (53%) astronautas em voos espaciais curtos, e 14 de 23 (61%) em missões mais longas da ISS, lançaram vírus de herpes em suas amostras de saliva ou urina," contou Mehta. "Essas frequências - assim como a quantidade - do derramamento viral são marcadamente mais altas do que em amostras de antes ou depois do voo, ou de controles saudáveis pareados."

Vírus do HPV dormentes reativam-se em astronautas - NASA está investigando
Um componente do açafrão combate o HPV e cânceres orais.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

No total, quatro dos oito vírus conhecidos do herpes humano foram detectados, incluindo as variedades responsáveis pelo herpes oral e genital (HSV), varicela e herpes zóster (VZV) - que permanecem ao longo da vida nas nossas células nervosas -, bem como CMV (citomegalovírus) e EBV (vírus de Epstein-Barr), que se estabelecem permanentemente, mas sem intercorrências, nas nossas células imunológicas durante a infância. O CMV e o EBV são dois vírus associados com diferentes cepas de mononucleose ou a "doença do beijo".

Sem vacina

Até agora, este derramamento viral é tipicamente assintomático, com apenas seis astronautas desenvolvendo algum sintoma devido à reativação viral, mas sem consequências graves.

Contudo, partículas virais VZV e CMV infecciosas foram eliminadas nos fluidos corporais dos astronautas até 30 dias após seu retorno do espaço.

A preocupação é que, em missões no espaço profundo - além da Lua e de Marte - o risco que a reativação do vírus do herpes representa para os astronautas pode se tornar mais problemático. Assim, desenvolver contramedidas para a reativação viral é essencial para o sucesso dessas missões no espaço profundo, argumenta Mehta.

"A contramedida ideal é a vacinação para os astronautas - mas isso só está disponível contra o VZV. Testes de outras vacinas contra vírus herpes são pouco promissores, então nosso foco atual é desenvolver regimes de tratamento direcionados para indivíduos que sofrem as consequências da reativação viral," disse ele.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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