04/03/2013

Sentimento de alívio transforma dor em prazer

Redação do Diário da Saúde

Tudo é relativo

Cientistas descobriram que "pessoas normais" podem encarar a dor como alívio e até como prazer quando ela dói menos do que o esperado.

Embora prazer e dor estejam ligados em alguns estados patológicos, parece totalmente surpreendente que alguém possa interpretar a dor como prazer.

"Não é difícil compreender que a dor possa ser interpretada como menos grave quando um indivíduo está ciente de que algo poderia ter sido muito mais doloroso.

"O que é inesperado, no entanto, é a descoberta de que a dor pode ser experimentada como agradável quando algo pior foi evitado," diz a professora Siri Leknes, da Universidade de Oslo (Noruega).

Podia ter sido pior

A Dra Leknes estava interessada no conhecido fenômeno "Podia ter sido pior", uma espécie de justificativa que as pessoas se colocam quando algo desagradável lhes acontece.

Mas será que alguém poderia dizer isso em uma situação tão crítica quanto sentir dor física?

A Dra Leknes recrutou 16 indivíduos saudáveis que foram avisados de que participariam de uma experiência dolorosa: eles seriam seguidamente expostos ao calor, de intensidade variável, aplicado ao seu braço, durante quatro segundos.

Os experimentos foram realizados em dois contextos diferentes: no primeiro, o calor era, ou não doloroso, ou apenas moderadamente doloroso - o mesmo que segurar firmemente uma xícara de café quente junto ao braço.

No segundo caso, o calor era, ou moderadamente, ou intensamente doloroso. Neste contexto, a dor moderada representava o menor de dois males.

Os pesquisadores recolheram tanto o testemunho da sensação de cada participante, quanto mediram os sinais da dor de forma objetiva diretamente no cérebro, usando aparelhos de ressonância magnética - ambos deram o mesmo resultado.

Tudo é relativo: até a dor pode ser sentida como prazer
Quando a sensação de alívio transformou a dor em prazer, os pesquisadores registraram atividade no meio dos lobos frontais do cérebro, áreas normalmente associadas com o conforto (imagem A). Ao mesmo tempo, eles documentaram uma mudança de atividade na mesma região cerebral que regula a dor, por exemplo, quando a morfina é administrada em um tratamento médico (imagem B), sugerindo que o alívio funciona como um anestésico.
[Imagem: Siri Leknes]

Dor que conforta

"Como esperado, o calor intenso provocou sensações negativas entre todos os indivíduos, enquanto o calor não-doloroso produziu reações positivas," conta Leknes.

O que intrigou os pesquisadores, no entanto, foi a resposta dos voluntários à dor moderada.

No experimento onde a dor moderada foi a pior alternativa, a dor sentida foi descrita como desagradável.

Nos casos em que a dor moderada era o menor de dois males, os voluntários descreveram-na não apenas como positiva, mas até mesmo como reconfortante.

Ou seja, o alívio transformou a dor em prazer.

"A explicação mais provável é que os indivíduos estavam preparados para o pior e, assim, sentiram-se aliviados quando perceberam que a dor não ia ser tão ruim quanto eles temiam," afirma o Dr. Leknes.

"Em outras palavras, uma sensação de alívio pode ser poderosa o suficiente para transformar uma experiência obviamente negativa, como a dor, em uma sensação que é reconfortante ou até mesmo agradável," concluiu.

Ou seja, parece que acreditar que algo "poderia ter sido pior" realmente traz alívio para quem esteja vivendo momentos desagradáveis.

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