30/11/2015

Arma transgênica contra malária pode se virar contra o homem?

Redação do Diário da Saúde

Promessas

Cientistas norte-americanos criaram um pernilongo geneticamente modificado que parece resistir à infecção por malária.

A equipe acredita que, se os testes forem bem-sucedidos, o inseto transgênico poderia se tornar uma alternativa para impedir a transmissão da doença para os humanos.

Dúvidas

Contudo, muitos outros cientistas vieram a público criticar não apenas a pesquisa, mas também os níveis de segurança nos quais os experimentos foram conduzidos - considerados inadequados.

Falando à revista Technology Review, editada pela universidade MIT (EUA), Kevin Esvelt, geneticista da Universidade de Harvard disse que "portas trancadas e gaiolas fechadas não são o suficiente" em pesquisas desse tipo. Além disso, ele afirma que é necessário que os cientistas que criaram o pernilongo transgênico criem também uma regulação genética reversa, para que a mudança possa ser desfeita caso seja necessário.

"Uma liberação acidental seria um desastre com consequências potencialmente devastadoras para a confiança do público na ciência e, sobretudo, para intervenções de regulação genética", diz ele. "Nenhuma intervenção de regulação genética deve ser lançada sem apoio popular".

Armas genéticas

A revista cita também o risco de criação de armas biológicas, em que pernilongos e mosquitos poderiam ser geneticamente modificados para matar pessoas com toxinas.

Os cientistas criadores da técnica se defendem com uma "ingenuidade" estarrecedora, dizendo que não conseguiram imaginar nada de ruim que poderia ser feito com sua pesquisa: "Eu estive pensando um pouco sobre coisas ruins que você poderia fazer com isso e nós não conseguimos bolar qualquer coisa que possa ter sucesso", disse Ethan Bier, um dos criadores dos pernilongos antimalária. "Há tantas coisas ruins que você pode fazer que são mais fáceis".

CRISPR

Este novo nível de manipulação genética tornou-se possível com o desenvolvimento de uma tecnologia chamada CRISPR (pronuncia-se crísper), uma forma mais precisa de editar o DNA do que qualquer tecnologia anterior e que está sendo considerada poderosíssima pelos especialistas.

De fato, a tecnologia já foi utilizada por cientistas chineses para manipular embriões humanos, o que provocou uma revolta dentro da própria comunidade científica, uma vez que se considera que a manipulação genética do próprio ser humano desobedece a todas as considerações éticas.

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