15/06/2010

Pesquisa desafia verdades da auto-ajuda sobre automotivação

Redação do Diário da Saúde

Voz interior

Pode você realmente ajudar a si mesmo?

Uma pesquisa realizada na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, revelou que as pessoas que se questionam se conseguirão executar uma tarefa geralmente saem-se melhor do que aqueles que dizem a si mesmos que vão se sair bem.

A descoberta desafia praticamente toda a literatura de auto-ajuda ligada à área dos negócios, da administração e da profissionalização, que aposta em uma autoconfiança exacerbada.

Existem poucas pesquisas na área desse "falar consigo mesmo", embora todos sejam conscientes de uma voz interior que nos fala sempre. Também na literatura, o diálogo interno muitas vezes influencia a forma como as pessoas motivam e determinam seu próprio comportamento.

Dúvidas que ajudam

Os cientistas testaram os dois tipos de motivação - o questionamento sobre a própria capacidade e a certeza do sucesso - em 50 participantes, incentivando-os explicitamente a gastar um minuto imaginando se seriam capazes de completar uma tarefa ou, no caso do segundo grupo, dizendo-lhes que conseguiriam.

Na realização da tarefa, o primeiro grupo, que questionou sua capacidade para a tarefa, saiu-se significativamente melhor do que o grupo que apostou na autoconfiança.

Em outro experimento, a orientação explícita dos cientistas foi substituída pelo ato de escrever uma frase - "Eu conseguirei" ou "Será que conseguirei?". A seguir foi realizada a mesma tarefa.

Novamente, o grupo que expressou a dúvida em sua frase saiu-se melhor.

Motivação inconsciente

Por que isso acontece?

A equipe da professora Dolores Albarracin suspeita que o resultado está relacionado com uma formação inconsciente da pergunta "Será que conseguirei?" e seus efeitos sobre a motivação.

Ao fazer uma pergunta a nós mesmos, ficaríamos mais propensos a elaborar nossa própria motivação.

Segundo a cientista, as descobertas podem ter implicações nas áreas cognitiva, social, clínica, da saúde e da psicologia desenvolvimental, bem como em clínicas, estabelecimentos educacionais e em ambientes de trabalho.

"Estamos voltando a nossa atenção para o estudo científico de como a linguagem afeta a auto-regulação," diz Albarracin. "Os métodos experimentais estão nos permitindo investigar o discurso interior das pessoas, tanto os explícitos quanto os implícitos, e como o que as pessoas dizem a si mesmas determinam o seu comportamento."

Dúvida construtiva

Os resultados desafiam paradigmas tradicionais adotados desde as mensagens de serviço público até a literatura de auto-ajuda, que buscam motivar as pessoas rumo a comportamentos mais produtivos e mais saudáveis.

"A ideia popular é que a auto-afirmação reforça a capacidade das pessoas em cumprir seus objetivos," comenta Albarracin. "Parece, no entanto, que, quando se trata de realizar um comportamento específico, fazer perguntas é uma maneira mais promissora de alcançar seus objetivos."

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