01/07/2013

O cérebro humano, esse ilustre desconhecido

Com informações da NSF
O cérebro humano, esse ilustre desconhecido
A nossa compreensão do cérebro é absolutamente rudimentar em comparação com o nosso entendimento de outros órgãos.
[Imagem: Gerd Altmann/Pixabay]

Cérebro em mutação

O cérebro humano é a estrutura biológica mais complexa na Terra.

Ele tem cerca de 100 bilhões de neurônios, segundo os últimos cálculos. Cada neurônio tem milhares de conexões com outros neurônios, mas podem também se comunicar uns com os outros à distância.

Além disso, o cérebro muda ao longo do tempo por uma série de razões - por exemplo, através do mecanismo da plasticidade cerebral.

E tem mais: as conexões do nosso cérebro estão sendo continuamente alteradas à medida que aprendemos, nos socializamos, passamos por estresse ou nos deparamos com variações nas condições ambientais.

É isso mesmo: Nossos cérebros são anatômica e fisiologicamente alterados por experiências intelectuais e físicas comuns no dia-a-dia, ou por práticas explícitas, como a meditação.

Lesões cerebrais também podem provocar vários tipos de alterações na anatomia e na fisiologia do cérebro, para compensar a função perdida ou maximizar as funções que permanecem.

Assim, cada um de nós - continuamente submetidos a experiências novas e diferentes - temos um cérebro único.

De fato, mesmo os cérebros de gêmeos idênticos diferem um do outro.

Sendo tão complexo e dinâmico, nosso cérebro ainda é, em larga medida, uma caixa preta bem fechada, cujos segredos esperam por ser desvendados.

Na verdade, a nossa compreensão do cérebro é absolutamente rudimentar em comparação com o nosso entendimento de outros órgãos.

Em busca de uma teoria do cérebro

Apesar dos grandes avanços tecnológicos na pesquisa do cérebro durante as últimas décadas, os cientistas ainda não conseguiram nem mesmo descrever todos os tipos de células que compõem o cérebro e determinar as suas funções.

Para complicar ainda mais as coisas, o cérebro é mais do que a soma das suas partes.

Ou seja, os vários componentes do cérebro não funcionam isoladamente um do outro, eles se comunicam uns com os outros e trabalham juntos para processar a informação e produzir memórias, pensamentos e comportamentos.

Mas os cientistas ainda não entendem como a informação é processada em qualquer organismo, seja no complexo cérebro humano, seja em um verme humilde, cujo sistema nervoso é composto por apenas algumas centenas de neurônios.

Nós simplesmente não sabemos o que acontece no cérebro quando o organismo pensa, interage com o mundo, recebe uma informação sensorial ou dorme.

Em outras palavras, os cientistas não têm uma teoria sobre como um cérebro saudável funciona, que pudesse explicar como memórias, pensamentos e comportamentos surgem a partir de atividades dinâmicas no cérebro - qualquer cérebro.

Este vácuo teórico tem persistido, ainda que as atividades moleculares, celulares e neuronais no cérebro venham sendo estudadas continuamente, assim como o comportamento em muitas espécies, incluindo os seres humanos.

No entanto, as relações entre estes dois tipos de fenômenos - fisiologia e comportamento - e a sequência de eventos que traduz um em outro, permanecem um mistério.

Ao fornecer um método para prever como microeventos cerebrais produzem comportamentos, e vice-versa, uma teoria da função cerebral estaria para a neurociência assim como a teoria da evolução está para a biologia, a teoria da tectônica de placas está para a geologia ou a teoria da relatividade está para a cosmologia.

O cérebro humano, esse ilustre desconhecido
Uma das linhas de pesquisas mais recentes nas neurociências é relacionada com a música do cérebro.
[Imagem: Mark Churchland/Stanford]

Maior realização científica da história

Mas, incapazes de explicar como um cérebro normal funciona, os cientistas ainda não conseguem explicar como as lesões traumáticas e doenças do cérebro, tais como Alzheimer, esquizofrenia, autismo e epilepsia, prejudicam seu funcionamento.

Nem podem determinar como as lesões cerebrais e as doenças devem ser tratadas. Em comparação, imagine um mecânico tentando consertar o motor de um carro sem uma lista de peças e sem compreender como ele funciona!

"Quando os cientistas finalmente descobrirem como o cérebro funciona, não importa quanto tempo isso demore, essa conquista será, provavelmente, considerada o maior realização científica de toda a história humana", disse John Wingfield, da Fundação Nacional de Ciências (NSF) dos EUA.

A NSF está por trás de um esforço anunciado recentemente pelo governo norte-americano, para tentar compreender o cérebro.

A ideia não é nova e, na verdade, é uma tentativa de alcançar outros grupos internacionais, que já estão mais avançados, como o Projeto Cérebro Humano, que tentar recriar um cérebro virtual em um supercomputador.

Tudo o que nos resta a fazer é torcer para que estas pesquisas levem a resultados mais conclusivos que nos levem, finalmente, a pensar melhor sobre o nosso próprio cérebro.

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