14/09/2016

Cientistas fazem fertilização artificial em embrião inviável

Redação do Diário da Saúde
Cientistas fazem fertilização artificial em pseudoembrião
O espermatozoide é injetado em um partegenoto - um embrião não-viável, que não havia sido fertilizado.
[Imagem: UBath]

Óvulo transformado

Cientistas da Universidade de Bath, no Reino Unido, produziram filhotes saudáveis de camundongos fertilizando um óvulo que havia sido induzido quimicamente a se transformar em um embrião.

Ou seja, não se trata da criação de filhotes sem uma mãe, ainda que seja a primeira vez que a fertilização tenha sido feita sem o óvulo natural saudável.

A expectativa dos cientistas é que essa técnica possa ajudar no futuro nas terapias de reprodução assistida, já que ela demonstra que pode ser possível conseguir uma gravidez viável mesmo com um óvulo já transformado. Por outro lado, eles conseguiram sucesso em apenas 28% das vezes (30 gravidezes em 104 tentativas).

Partenogenoto

Toro Suzuki e seus colegas pegaram os óvulos saudáveis das camundongos fêmeas e os submeteram a um tratamento químico que dão a essas células sinais similares aos que elas recebem quando são fertilizadas por um espermatozoide.

Os óvulos começam então a se dividir, formando um pseudo-embrião, conhecido como partegenoto. Contudo, como a seguir esses partegenotos não recebem as informações dos espermatozoides, eles morrem. Muitos cientistas vinham defendendo o uso desses "falsos embriões" como fonte de células-tronco embrionárias, já que eles nunca se desenvolverão em um bebê.

Mas parece que não é bem assim. Quando Suzuki e seus colegas os fertilizaram com um espermatozoide saudável, em pouco menos de um terço dos casos eles se desenvolveram normalmente.

Cientistas fazem fertilização artificial em pseudoembrião
Esses bebês camundongos nasceram saudáveis, mas está longe de se poder dizer que eles são "filhos sem uma mãe", como uma parte da imprensa internacional especulou.
[Imagem: UBath]

Filhos de dois pais e reviver animais extintos

Uma parte da imprensa parece ter-se entusiasmado muito com os resultados, anunciado que, como os partegenotos são células diferentes dos óvulos, pode ser possível iniciar gestações a partir de outros tipos de células, como células da pele, por exemplo.

Isso abriria a possibilidade de criar filhos de dois pais - um dos pais forneceria o espermatozoide, e o outro um outro tipo de célula - e ressuscitar animais extintos.

"Isto é tudo muito especulativo e nada disso é possível hoje, e pode nunca ser possível," alertou o professor Anthony Perry, coordenador da equipe. mostrando-se totalmente cético em relação a essas possibilidades em uma entrevista à revista New Scientist.

Ele destaca que essas "gestações sem mãe" são muito improváveis porque os óvulos - e os partegenotos - são muito diferentes de outras células do corpo. Por exemplo, elas são muito maiores do que os óvulos (sendo assim muito mais difícil reprogramá-las) e possuem dois conjuntos de cromossomos, mas embriões saudáveis só se formam com as células reprodutoras contando com apenas um conjunto de cromossomos.

Os resultados do experimento - sem as especulações - foram publicados na revista Nature Communications (10.1038/ncomms12676).

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