29/01/2015

Computador vira formador de opinião para jogadores de videogames

Redação do Diário da Saúde
Computador vira
Os voluntários identificaram-se com o computador de tal forma que começaram a concordar com as decisões erradas da máquina e seguirem seu julgamento.
[Imagem: Ella Lapointe/Witten]

Parece ser da natureza humana se conformar com as situações e seguir a maioria ou os chamados "formadores de opinião" - basta ver os olhares atravessados dirigidos àqueles catalogados como "revolucionários".

O problema é que essa tendência agora está nos fazendo seguir a "liderança" dos computadores. E isso acontece mesmo quando as máquinas nos dão conselhos totalmente errados.

Esta é a conclusão de pesquisadores que analisaram como as pessoas fazem julgamentos depois de atuarem através de avatares no computador.

A pesquisa foi liderada por da Ulrich Weger e seus colegas da Universidade Witten/Herdecke (Alemanha), que publicaram os resultados na revista Psychonomic Bulletin & Review.

Avatar

Os encontros da vida real e os contatos face-a-face estão em declínio, substituídos pelas "redes sociais" virtuais, por meio dos celulares e computadores. Além disso, é cada vez mais comum entrar em contato com outros assumindo a personalidade de um personagem virtual ou avatar.

Estudos mostraram, por exemplo, que os jogos do tipo RPG podem ajudar as pessoas a adquirir e praticar habilidades na vida real e até assumir novos pontos de vista. Mas Weger e seus colegas queriam saber como e o quanto esses ambientes virtuais imersivos influenciam o comportamento social e a tomada de decisão de quem participa deles.

Os participantes do estudo primeiro jogavam um videogame imersivo por sete minutos na forma de um avatar. Depois eles completavam uma tarefa de seleção de emprego na qual tinham a opção de corrigir escolhas incorretas que lhes foi dito estarem sendo feitas automaticamente pelo computador.

O que aconteceu foi que os voluntários que haviam participado dos jogos, em comparação com outro grupo que apenas assistiu seus colegas jogarem, identificaram-se com o computador de tal forma que começaram a concordar com as decisões erradas da máquina e seguirem seu julgamento - às vezes mesmo em respostas absolutamente incorretas.

O resultado foi ainda mais forte - maior conformidade dos voluntários com as respostas do computador - nos casos ambíguos.

Conformidade da informação

Segundo os pesquisadores, esse comportamento aparentemente irracional pode ser explicado pela tendência das pessoas a buscar precisão em tudo. Isto, segundo eles, leva à chamada "conformidade da informação", quando as pessoas perdem a fé em suas próprias habilidades e competências.

Elas então se alinham com "outros" considerados capazes de fazer julgamentos precisos sobre um determinado assunto - e, para os jogadores de RPG, os computadores parecem ser "outros" confiáveis.

A equipe afirma que há uma necessidade de refletir sistematicamente sobre as práticas de videogames e sobre as consequências do que acontece quando as pessoas entram na artificialidade de um mundo virtual. Isto é especialmente importante tendo em vista o fato de que os jogos de computador estão cada vez mais difundidos, especialmente entre os jovens do sexo masculino.

"Pais, educadores e os próprios jogadores terão de tomar essas consequências em consideração e adotar contramedidas adequadas," recomenda o Dr. Weger.

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