16/07/2015

Conheça os equívocos sobre as campanhas de rastreio

Emily Jesper - Sense About Science

Equívocos das campanhas

Equívocos sobre como funciona o rastreio - as chamadas campanhas de prevenção -, suas limitações e possíveis danos continuam sendo perpetuados pela mídia, com casos como a dupla mastectomia de Angelina Jolie e casos emotivos veiculados por programas estilo tabloide sobre mulheres com menos de 25 anos que morrem de câncer cervical.

Os promotores das campanhas, ativistas e celebridades continuam a clamar por mais triagens: para mais doenças, para mais pessoas e por mais tempo.

Apenas nos últimos meses, a cantora Taylor Swift encorajou as mães das fãs a começar mais cedo a realização de mamografias após o diagnóstico do câncer de sua mãe, promotores das campanhas começaram a pedir que todas as mulheres com mais de 70 anos sejam rastreadas para o câncer de mama e cientistas anunciaram estar desenvolvendo testes de triagem para a doença de Alzheimer, além de lançarem discussões sobre rastreio dos bebês desde o nascimento.

Há também um equívoco generalizado de que os programas de rastreio - também chamados de triagem - são oferecidos apenas para determinados grupos de idade devido a considerações financeiras.

Dando sentido ao rastreio

Em resposta, a entidade sem fins lucrativos Sense About Science lançou uma nova edição do guia Making Sense of Screening (Dando Sentido ao Rastreio, em tradução livre) para abordar as expectativas irrealistas do que o rastreio pode oferecer.

No guia, cientistas e médicos explicam que a triagem:

  • raramente beneficia todos os setores da população;
  • pode ter efeitos negativos, por isso precisa ser orientada para os mais propensos a se beneficiar;
  • pode identificar algumas das pessoas que têm uma doença, mas não pode prevenir a doença;
  • não pode dar uma resposta "sim" ou "não", e um "tudo limpo" não significa que você não irá desenvolver a doença;
  • exames de rastreio são diferentes dos exames de diagnóstico.

"O rastreio é muito diferente de pedir ao seu médico para fazer um exame. Ele é oferecido a um grande número de pessoas que são aparentemente saudáveis e que não estão apresentando sintomas, o que significa que a maioria das pessoas será testada sem qualquer possibilidade de benefício," explica o Dr. Andrew Miller, membro do painel que elaborou o documento.

Ciência para o público

"Além disso, algumas pessoas, raramente, receberão um resultado que sugere que elas têm um problema quando não o têm, ou até mesmo um resultado que diz que elas não têm o problema, quando elas têm. É por isso que é importante que as pessoas tomem a sua própria decisão de comparecer à triagem quando ela é oferecida - compreendendo que pode haver riscos, bem como benefícios.

"Precisamos ajudar as pessoas a ver que, apesar de a triagem ser benéfica ao nível da população, elas precisam considerar as implicações para si mesmas como indivíduos. Por isso é tão importante que as pessoas, quando convidadas, recebam todas as informações antes de tomar uma decisão sobre se querem fazer um teste de triagem," completa o Dr. Miller.

Uma versão eletrônica do guia está disponível para download a partir do site da Sense About Science, no endereço www.senseaboutscience.org.

A organização Sense About Science é uma instituição de caridade do Reino Unido cujo objetivo é colocar a ciência e as evidências científicas nas mãos do público.

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