22/08/2017

Contraste de ressonância magnética se acumula no cérebro

Redação do Diário da Saúde
Contraste de ressonância magnética se acumula no cérebro
Os compostos do gadolínio apresentam toxicidade, embora essa toxicidade nunca tenha sido estudada em detalhes.
[Imagem: Wikipedia]

Agente de contraste de gadolínio

A Sociedade Internacional de Ressonância Magnética em Medicina (ISMRM) anunciou novas orientações para o uso de agentes de contraste durante exames de ressonância magnética.

Segundo a entidade, as pesquisas mais recentes indicam que os agentes de contraste baseados em gadolínio, injetados nas veias dos pacientes para aumentar o brilho dos tecidos nas imagens de ressonância magnética, acumulam-se no cérebro.

Na verdade, essas pesquisas não são tão recentes: em 2014, uma equipe japonesa anunciou que o gadolínio pode causar danos ao cérebro.

Mais de 300 milhões de doses desses medicamentos foram administradas desde a sua introdução, em 1987.

"Pequenas quantidades de gadolínio se depositam em certas partes do cérebro nas pessoas que se submetem a repetidos exames com agentes de contraste baseados em gadolínio," disse o Dr. Vikas Gulani, da Escola de Medicina da Universidade Case Western Reserve (EUA). "A resposta do ISMRM é uma revisão da literatura e uma série de recomendações sobre o que a comunidade [médica] deve fazer em resposta a esse fenômeno".

Desconcertante

Na revisão, Gulani e outros especialistas sugerem que, se o gadolínio não for essencial para um exame específico - se o exame não depender da melhoria de contraste -, o agente não deve ser administrado ao paciente. Segundo as novas recomendações, cada exame deve passar por uma análise risco-benefício sobre o uso do agente de contraste.

"Quase todos precisam de uma ressonância magnética em algum momento, muitas vezes otimizada com contraste," disse Gulani. "A ideia de que um pouco de gadolínio possa estar sendo depositado no cérebro é desconcertante para os pacientes. Nessa situação, colocar o risco e os benefícios em contexto é importante".

Se o gadolínio for necessário, acrescenta o pesquisador, ele deve ser administrado e a escolha do agente vai depender de um grande número de fatores, sendo o fenômeno da deposição do elemento no cérebro um deles.

O gadolínio é o elemento químico de símbolo Gd e número atômico 64, pertencente ao grupo das terras raras. Ele é branco-prateado, fortemente magnético e, devido à sua alta capacidade de absorção de nêutrons, é também utilizado em usinas nucleares.

Efeitos colaterais

A nova recomendação lembra que definir danos potenciais ao paciente é uma consideração importante na solicitação e na realização de qualquer exame.

Os agentes de contraste baseados em gadolínio têm um histórico de diagnóstico preciso e de monitoramento do tratamento de uma grande quantidade de doenças, incluindo câncer, patologias neurológicas, doenças cardíacas, doenças hepáticas e muitas outras.

Contudo, esses contrastes também têm sido associados com alguns efeitos colaterais, os mais graves sendo raros e afetando principalmente pacientes com insuficiência renal grave.

A nova revisão não sugere mudanças radicais no uso dos agentes de contraste na ressonância magnética porque ainda não existem estudos que associem os depósitos de gadolínio no cérebro a riscos específicos para a saúde.

No entanto, as novas recomendações dão clareza a um fenômeno anteriormente desconhecido de deposição de gadolínio no cérebro e fornece orientação para futuras pesquisas, uma vez que essas associações podem não ser conhecidas porque ainda não foram pesquisadas.

O alerta e as novas recomendações mereceram a capa da revista médica The Lancet Neurology.

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