26/08/2013

Estudos em animais produzem excesso de falsos positivos

Redação do Diário da Saúde
Estudos em animais produzem excesso de falsos positivos
Um dos poucos casos de estudos em animais que fracassaram só chegou até a imprensa porque envolvia a doença de Stephen Hawking.
[Imagem: Wikipedia/Rama]

Uma análise estatística de mais de 4.000 conjuntos de dados provenientes de estudos de doenças neurológicas realizados em animais de laboratório revelou que quase 40% dos estudos apresentam resultados estatisticamente significativos.

Mas o que parece ser uma boa notícia não é: o valor é quase duas vezes maior do que seria esperado com base no número de animais estudados.

"Os resultados são bons demais para serem verdadeiros", afirma o Dr. John Ioannidis, médico da Universidade de Stanford, na Califórnia, coautor do estudo publicado na revista científica PLoS Biology.

Resultados tendenciosos

Os resultados sugerem que os trabalhos publicados - alguns dos quais usados para justificar testes clínicos em humanos - são tendenciosos quando relatam os resultados positivos.

Segundo Ioannidis, esse viés poderia explicar em parte por que bons resultados de uma terapia em estudos pré-clínicos raramente preveem sucesso em pacientes humanos.

A equipe de Ioannidis não é a primeira a encontrar falhas em estudos com animais: outros pesquisadores têm destacado como amostras pequenas e estudos não-cegos podem atrapalhar os resultados.

Na verdade, vários medicamentos que passaram nos testes feitos com animais tiveram efeitos catastróficos sobre os seres humanos.

Publicar só resultados positivos

Outro fator chave é a tendência dos cientistas para publicar somente os resultados positivos, deixando os resultados negativos enterrados em cadernos de laboratório.

"Análises criativas" também são prováveis culpados pela situação, afirma Ioannidis, como a seleção da técnica estatística que dá o melhor resultado.

Estas conclusões não significam que os estudos em animais não façam nenhum sentido, afirma Ioannidis, mas sim que eles devem ser melhor controlados e publicados com mais cuidado.

Ele e seus colegas defendem um registro para os estudos em animais, semelhante ao de ensaios clínicos em humanos, como uma forma de divulgar os resultados negativos e protocolos de pesquisa detalhados.

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