19/02/2015

Estudos genéticos sobre longevidade poderão ser invalidados

Redação do Diário da Saúde

Alguns estudos sobre as eventuais "raízes genéticas do envelhecimento" vão precisar ser reanalisados e ter suas conclusões reavaliadas.

Pesquisadores descobriram que o produto químico comumente usado nos laboratórios para conduzir esses experimentos, mesmo agindo sozinho - sem qualquer alteração genética - pode estender o tempo de vida dos animais de laboratório em até 68%, colocando em dúvida as conclusões sobre os efeitos dos genes estudados.

Mifepristona

Durante anos, os cientistas têm produzido animais geneticamente modificados cujos genes podem ser ligados e desligados por um hormônio sintético, permitindo estudos detalhados sobre os efeitos de genes individuais sobre a expectativa de vida.

Os estudos de genética sobre o envelhecimento são feitos com moscas da fruta, com o verme C.Ellegans ou com leveduras - muitos dos genes desses organismos têm "parentes próximos" em seres humanos, o que permite extrapolações ou indicam caminhos para as pesquisas em humanos.

Ocorre que o hormônio usado para realizar esses estudos é tudo, menos neutro.

John Tower e Gary Landis, da Universidade do Sul da Califórnia (EUA), começaram a suspeitar do hormônio usado para ativar os genes porque esse hormônio, chamado mifepristona, é um composto químico sintético conhecido por interromper a gravidez em seres humanos, ao mesmo tempo que muitos estudos têm demonstrado que a reprodução encurta o tempo de vida dos organismos usados nos experimentos.

Eles descobriram que as moscas da fruta expostas ao hormônio colocam apenas metade da quantidade habitual de ovos - e vivem 68% mais, passando de uma vida média de 56 dias para 94 dias.

A mifepristona teve pouco ou nenhum efeito sobre a expectativa de vida das moscas fêmeas que não tinham acasalado, que apresentaram uma taxa de sobrevivência global ainda melhor e um tempo máximo de vida.

Estudos da longevidade

"Isso abre uma nova linha de investigação para os estudos da longevidade, e identifica genes e mecanismos candidatos para regular o equilíbrio entre a reprodução e o tempo de vida que podem ser compartilhados com os seres humanos," disse Tower.

"No entanto, também significa que os nossos estudos de longevidade anteriores que se basearam na mifepristona como um interruptor dos genes precisarão ser reavaliados," concluiu o pesquisador.

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