10/03/2017

Maioria das pessoas não gostaria de saber o futuro

Redação do Diário da Saúde
Maioria das pessoas não gostaria de saber o futuro
Na mitologia, Cassandra também podia ver o futuro, mas ninguém acreditava nela porque fora amaldiçoada por Apolo.
[Imagem: Wikimedia/Domínio Público]

Preferência pelo presente

Parece que a humanidade aprendeu bem a lição com uma das lendas dos ciclopes: Em uma negociação com uma bruxa, eles trocaram um olho pela capacidade de ver o futuro - mas o único futuro que conseguiam ver era o momento da própria morte.

Aqui na realidade e no presente, a larga maioria das pessoas afirma que simplesmente não gostaria de saber o próprio futuro, seja ele bom ou ruim.

De acordo com o professor Gerd Gigerenzer, que coordenou a equipe do Instituto Max Planck para o Desenvolvimento Humano (Alemanha) e da Universidade de Granada (Espanha), a razão para isso é que as pessoas querem evitar tanto a antecipação de um eventual sofrimento futuro, quanto evitar a perda do suspense e das emoções que os eventos felizes futuros trarão.

Quem quer saber o futuro?

Mais de 2.000 adultos foram entrevistados na Alemanha e na Espanha para saber quem se interessaria em conhecer o futuro.

Entre 86 e 90 por cento das pessoas não gostariam de saber sobre eventos negativos futuros, e 40 a 77 por cento prefeririam permanecer ignorantes mesmo dos eventos positivos. Apenas 1 por cento dos participantes gostaria de saber o que o futuro lhes guarda.

Saber o sexo dos filhos não nascidos foi o único item na pesquisa onde mais pessoas queriam saber o futuro, com apenas 37 por cento dos participantes dizendo que não iriam querer saber.

A janela temporal desempenhou um papel nas respostas: mais pessoas preferem não conhecer eventos que acontecerão no futuro mais próximo do que aqueles temporalmente mais distantes. Por exemplo, os adultos mais velhos são menos propensos do que os mais jovens a querer saber a data e a causa da morte do seu parceiro.

Estado de espírito

"Querer saber é assumido como sendo uma norma para os seres humanos, e sem nenhuma necessidade de justificação. As pessoas não são apenas convidadas, mas frequentemente se espera que elas participem na detecção precoce para o rastreio do câncer ou em exames regulares de saúde, a submeter seus bebês por nascer a dúzias de testes genéticos pré-natais, ou usar dispositivos de autorrastreamento da saúde," ponderou o professor Gigerenzer.

"Não querer saber parece contraintuitivo e pode fazer com que muitos levantem as sobrancelhas, mas a ignorância deliberada, como mostramos aqui, não apenas existe, ela é um estado de espírito generalizado," concluiu.

Os resultados foram publicados na revista Psychological Review.

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