
Desenganos
Apesar das evidências científicas em contrário, um pequeno grupo de médicos otorrinolaringologistas continua testemunhando seguidamente a favor da indústria do tabaco, defendendo que o tabagismo pesado não causou o câncer em casos de pacientes desenganados que estão processando a indústria por danos pessoais.
O alerta está em um artigo publicado por uma equipe da Escola de Medicina de Stanford (EUA) na revista médica Laryngoscope.
"Eu fiquei chocado com o grau em que estes médicos estão dispostos a testemunhar, na minha opinião de uma maneira não-científica, para impedir que um requerente à beira da morte - sofrendo as consequências de uma vida inteira fumando - tenha um julgamento justo," disse o Dr. Robert Jackler, coordenador do trabalho.
Ele se refere aos médicos citados no estudo como um "conjunto de especialistas dispostos a dizer repetidamente que o fumo não causa câncer."
Tabagismo, câncer e dinheiro
A equipe fez uma pesquisa de um ano e meio, que incluiu a leitura de milhares de páginas de processos de acesso público, com depoimentos de testemunhas e de peritos médicos. Eles então revisaram a literatura científica para ver se o depoimento de cada especialista favorável à indústria do tabaco era apoiado por evidências científicas.
A literatura científica repetidamente repudiou cada testemunho dos especialistas ouvidos nos tribunais a favor da indústria do tabaco. "O estudo mostrou que eles usaram métodos cientificamente inválidos para apoiar o seu testemunho," disse Jackler, acrescentando que um médico servindo como especialista em um tribunal tem a obrigação ética de interpretar os dados científicos de uma forma justa e equilibrada.
Esses médicos deram testemunho de que uma multiplicidade de fatores ambientais, que vão desde a exposição a solventes de limpeza ao consumo de peixe salgado e até o uso de antisséptico bucal, tinham maior probabilidade de ter causado o câncer de cabeça e pescoço do requerente do que anos de tabagismo intenso.
Os casos ocorreram entre 2009 e 2014. Um dos médicos ouvidos reconheceu ter recebido US$ 100.000 de uma empresa tabagista para testemunhar em um único caso. Outra admitiu que sua opinião foi escrita por advogados da empresa de cigarros e, em seguida, aprovada por ela.
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