23/12/2014

Mentalidade de rebanho: evoluímos para imitar os outros?

Redação do Diário da Saúde
Mentalidade de rebanho: evoluímos para imitar os outros?
Talvez o arcabouço da evolução animal estrita não seja adequado para estudar comportamentos humanos, sobretudo em grandes grupos.
[Imagem: Wikimedia/Doug Kline CC BY 2.0]

O que os outros vão dizer

Um desejo natural de ser parte da maioria pode destruir nossa capacidade de tomar as decisões corretas.

Pesquisadores acreditam ter demonstrado que as pessoas se tornaram excessivamente influenciadas por seus vizinhos, em vez de confiar em seu próprio instinto.

Como resultado, os grupos se tornaram menos sensíveis às mudanças no seu ambiente natural.

A colaboração internacional que chegou a estas conclusões inclui acadêmicos das universidades Exeter (Reino Unido), Princeton (EUA), Sorbonne e Instituto de Pesquisa em Ciência da Computação e Automação (França). Os resultados foram publicados na revista Royal Society Interface.

Copiar e emburrecer

"Copiar o que as outras pessoas fazem pode ser útil em muitas situações, como que tipo de telefone comprar, ou para os animais, para que lado correr se a situação é perigosa," explica o Dr. Colin Torney, coordenador do estudo.

"No entanto, o desafio está em avaliar as crenças pessoais quando elas contradizem o que os outros estão fazendo. Nós mostramos que a evolução vai levar as pessoas a superutilizar a informação social, e copiar os outros muito mais do que deveriam.

"O resultado é que os grupos evoluem para serem indiferentes às mudanças no seu ambiente e passar muito tempo copiando um ao outro, e não tomando suas próprias decisões," detalha o pesquisador.

Evolução ou involução?

A equipe usou modelos matemáticos para analisar como o uso de informações sociais tem evoluído dentro de grupos animais.

Usando um modelo simples de tomada de decisões em um ambiente dinâmico, a equipe concluiu que os indivíduos confiam excessivamente na informação social e "evoluem" para serem muito facilmente influenciados por seus vizinhos.

A equipe sugere que isto se deve a um "conflito evolutivo clássico entre o interesse individual e o interesse coletivo".

"Nossos resultados sugerem que não devemos esperar que grupos sociais na natureza possam responder eficazmente às mudanças no ambiente. Indivíduos que passam muito tempo copiando seus vizinhos provavelmente sejam a norma," concluiu o Dr. Torney.

Se isso é evolução ou involução, ou se levará o grupo à sobrevivência ou à extinção, talvez seja matéria para outros estudos. Ou talvez leve à conclusão de que o arcabouço da evolução animal estrita não seja adequado para estudar comportamentos humanos, sobretudo em grandes grupos.

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