15/12/2016

Coisas que não se deve dizer a uma pessoa com câncer

Com informações da BBC
O que não se deve dizer a uma pessoa com câncer
Stan Goldberg se intitula "um sobrevivente do câncer".
[Imagem: Divulgação]

Quando falar e quando calar

Há coisas que não devem ser ditas, em especial para quem sofre de câncer. Nesse caso, ações e ofertas de ajuda muitas vezes valem mais do que palavras de esperança.

É o que defende Stan Goldberg, professor da Universidade Estadual de São Francisco (EUA), que tem autoridade para falar sobre o assunto por ser o que ele mesmo chama de "um sobrevivente do câncer" - ele está enfrentando uma forma agressiva de câncer de próstata.

São muitas as frases que nem sempre ajudam, mas são comuns entre as usadas por quem interage com alguém diagnosticado com câncer: "Quando terminar a quimioterapia, vai ficar bem melhor". "Eu tenho um conhecido que teve um câncer muito parecido, e viveu mais de 80 anos". "Não se preocupe, tudo vai ficar bem".

Ainda que as intenções sejam as melhores possíveis, muitas vezes o que é dito é exatamente o que o paciente não quer - ou não precisa - ouvir.

"O paciente não quer que você o anime. Não quer que lhe diga que tudo vai ficar melhor quando, na realidade, as pessoas não têm a menor ideia de qual é o alcance ou o diagnóstico do câncer," observa Goldberg.

Aceitação

O professor salienta que também não ajuda falar do câncer de outras pessoas, porque "isso não te diz nada já que não sabem exatamente que tipo de câncer têm", afirma. Cada caso é um caso.

Goldberg afirma que conselhos que começam com "Se eu estivesse em seu lugar" também não costumam funcionar já que "Uma pessoa não sabe pelo que a outra está passando," diz ele.

"As pessoas com câncer vivem em um mundo diferente de uma pessoa sadia. Percebem as coisas de forma diferente," assegura o professor. Por esta razão, diz ele, é difícil saber o que sente e pensa um paciente.

O que fazer então?

Em vez de julgar ou de tentar animar o paciente, é preciso simplesmente aceitar.

O melhor caminho parece estar em falar o mínimo possível, e tentar fazer o que for possível, oferecendo ajuda para coisas práticas no dia a dia.

A chave é julgar menos, aceitar mais. Falar menos e escutar.Stan Goldberg

"É preciso pensar no que a pessoa enferma precisa e essa deve ser a chave da interação," explica o professor e paciente, acrescentando que, ao oferecer ajuda, é importante ser prático e específico.

E nem sempre pedir para que a pessoa lhe diga o que ela precisa é a melhor abordagem. Goldberg sugere, por exemplo, oferecer para ir com a pessoa ou fazer as compras para ela, para que não fique ainda mais cansada. "Isso é muito mais significativo que qualquer coisa que você possa falar".

E quando o paciente lhe descrever um procedimento médico, ficar calado e ouvir é uma boa alternativa. Responder que já sabe alguma coisa a respeito ou leu algo na internet sobre o tema não acrescenta muito. O importante, esclarece Goldberg, é deixar que o paciente conduza e dite os rumos da conversa.

"A chave é julgar menos, aceitar mais. Falar menos e escutar", afirma. "Se fizer isso, você terá menos problemas em saber o que é ofensivo e o que não é".

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