12/08/2013

Seu sim e seu não estão nos seus olhos

Redação do Diário da Saúde

Talvez não seja necessário usar as intrusivas interfaces neurais - ligadas diretamente ao cérebro - e nem mesmo os capacetes cheios de sensores usados pelos neurocientistas em suas pesquisas.

Pesquisadores descobriram que é possível "ler os pensamentos" de pacientes paralisados medindo nada além do que o tamanho de suas pupilas.

Os experimentos mostraram que pacientes completamente incapazes de se comunicar podem responder a perguntas com respostas sim ou não em questão de segundos.

Resposta na pupila

O sistema de comunicação é extremamente simples, consistindo apenas de um laptop e uma câmera.

O programa que roda no laptop tira proveito das mudanças no tamanho da pupila que ocorrem naturalmente quando as pessoas fazem aritmética mental - ou seja, nem o paciente, e nem o pessoal de saúde, precisam de qualquer treinamento especializado.

Segundo os pesquisadores, o novo sistema de resposta baseado na pupila vai ajudar não apenas pessoas com graves debilitações motoras, mas também poderá ser estendido para avaliar o estado mental de pacientes cujo estado de consciência não é clara.

"É notável que um sistema fisiológico tão simples quanto a pupila tenha um repertório tão rico de respostas a ponto de poder ser usado para uma tarefa tão complexa quanto a comunicação," diz o Dr. Wolfgang Einhäuser, da Universidade de Marburg (Alemanha), um dos desenvolvedores da nova técnica.

Seu sim e seu não estão nos seus olhos
As respostas vêm automaticamente pela alteração na pupila, sem que as pessoas precisem saber do experimento.
[Imagem: Stoll et al./Current Biology]

Abrindo os olhos para a matemática

A descoberta ocorreu quando pesquisadores pediram que pessoas saudáveis resolvessem um problema de matemática apenas quando a resposta correta para uma questão do tipo sim ou não aparecesse em uma tela.

A carga mental associada com a resolução desse problema causou um aumento automático no tamanho da pupila, o que os pesquisadores demonstraram que é suficiente para ser traduzido em uma resposta precisa a perguntas diretas, que também geram respostas do tipo sim ou não.

Eles então testaram seu algoritmo de resposta da pupila em sete pacientes paralisados, que sofreram danos cerebrais após um acidente vascular cerebral. Em muitos casos, eles foram capazes de discernir uma resposta com base unicamente no tamanho da pupila - em perguntas diretas, como "Você tem 20 anos de idade?".

"Nós descobrimos que o sistema funcionou quase perfeitamente em todos os observadores saudáveis, e que poderia ser transferido diretamente para os pacientes, sem a necessidade de treinamento ou ajuste de parâmetros," diz Einhäuser.

Como o sistema é muito simples, os pesquisadores esperam que outros centros possam criar suas próprias formas de tirar proveito da descoberta.

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