18/01/2011

Estamos caminhando para uma sociedade vegetariana?

Redação do Diário da Saúde
Estamos caminhando para uma sociedade vegetariana?
As sementes de tremoço rendem uma suspensão de proteínas puras, adequada para a produção de alimentos industrializados com baixíssimos níveis de gordura.
[Imagem: Fraunhofer IVV]

Consumo de carne no mundo

Em países emergentes, como a China e o Brasil, o consumo de carne está aumentando dramaticamente.

Na verdade, o consumo mundial de carne vermelha quadruplicou desde 1961.

A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) espera que o aumento da prosperidade conduza a uma duplicação da produção mundial de carne até o ano de 2050.

A questão é se o nosso planeta, com seus recursos limitados, ainda será capaz de satisfazer todas as nossas necessidades no futuro.

Muitos vegetais para o gado, pouca carne para o homem

"Produzir um quilo de carne consome entre sete e 16 kg de grãos ou soja como ração animal," afirma o Dr. Peter Eisner, do Instituto Fraunhofer, na Alemanha. "Como resultado, nos EUA, cerca de 80 por centos do grãos produzidos vira alimento para o gado."

Comparado à produção de carne, o cultivo de plantas para servirem de alimento para o homem é consideravelmente menos terra-intensivo.

Gasta-se 40 metros quadrados de terras agricultáveis para produzir um quilo de carne, mas o mesmo espaço pode produzir 120 kg de cenouras ou 80 kg de maçãs.

Substituição da carne por vegetais

"As plantas são uma fonte de alimentos de alta qualidade, mas elas também podem fornecer matérias-primas para aplicações tecnológicas - e são uma fonte de energia," salienta o pesquisador.

É o caso das sementes de girassol: até agora elas têm sido usadas para a produção de óleo, e seus resíduos servem como alimento para o gado. Como resultado, uma área de 2 ½ acres de terra gera uma renda de cerca de 950 euros.

Se todos os componentes da semente de girassol fossem processados e convertidos para matérias-primas de alta qualidade para a indústria alimentar, indústria de cosméticos e de combustível, a mesma área de terra geraria para o agricultor uma renda de €1.770,00.

Substituto do leite

Eisner acredita que os ingredientes alimentares à base de plantas podem desempenhar um papel particularmente importante como um substituto para os alimentos de origem animal.

Como exemplo, ele apresentou um "substituto do leite" feito de proteínas de tremoço, e adequado como base para a preparação de alimentos como sorvete ou queijo.

Esse substituto artificial do leite não contém lactose, tem um sabor neutro, é isento de colesterol e rico em ácidos graxos poli-insaturados.

As sementes de tremoço também são o ingrediente básico de uma nova proteína vegetal com propriedades parecidas com gordura, que foi desenvolvida pela pesquisadora Daniela Sussmann, do mesmo instituto alemão.

Um método especial de produção, aplicado às sementes de tremoço, produz uma suspensão de proteínas com uma consistência muito cremosa, altamente viscosa.

"A estrutura microscópica do produto assemelha-se às partículas de gordura em uma salsicha. Então você pode usá-lo para a produção de salsichas com pouca gordura, com um gosto que equivale exatamente ao original," acrescentou a cientista.

Proteínas das plantas

Em testes sensoriais, Daniela investigou se a adição de proteínas de tremoço poderia melhorar a sensação gustativa de uma receita de linguiça com pouca gordura. Com sucesso: "Com a adição de 10 por cento da proteína que isolamos, fomos capazes de melhorar sensivelmente a impressão de gordura de uma salsicha de baixo teor de gordura."

Como as salsichas e produtos similares estão entre os alimentos com os mais altos níveis de gordura, este seria certamente um passo na direção certa para melhorar a qualidade nutricional dos alimentos industrializados.

Se uma parte da gordura for substituída com proteínas derivadas das plantas, todos se beneficiariam: o consumidor, ao comer menos gordura, o agricultor, ao obter uma renda maior pela sua produção, e o meio ambiente, porque as plantas podem ser produzidas de forma mais sustentável do que a carne.

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