11/08/2020

Anticoagulante sem efeitos colaterais finalmente no horizonte

Redação do Diário da Saúde
Anticoagulante sem efeitos colaterais finalmente no horizonte
O uso de anticoagulantes como preventivo durante cirurgias coloca os pacientes entre os riscos de trombose ou de hemorragia.[Imagem: CLUE Working Group]

Efeitos colaterais dos anticoagulantes

Pacientes que sofrem de trombose, embolia pulmonar ou acidente vascular cerebral geralmente recebem medicamentos que ajudam o sangue a fluir mais suavemente pelo corpo.

Ocupando uma grande parte do mercado de medicamentos, os anticoagulantes, ou "diluidores do sangue", como são popularmente conhecidos, podem impedir a formação ou o aumento de coágulos sanguíneos e, portanto, ajudar na recuperação de problemas cardiovasculares ou prevenir complicações posteriores.

Mas há um problema: os anticoagulantes funcionam bloqueando enzimas que ajudam a parar um sangramento após uma lesão. Por causa disso, virtualmente todos os anticoagulantes disponíveis hoje podem causar sangramento grave, e até mesmo com risco de vida, se a pessoa tiver um ferimento.

O problema permanecia sem esperanças até alguns anos atrás, quando pesquisadores modificaram geneticamente camundongos para que eles se tornassem deficientes em uma enzima que normalmente ajuda a coagular o sangue. A enzima é chamada de "fator de coagulação XII" (FXII), e os camundongos sem a enzima tiveram um risco muito reduzido de trombose, sem apresentar efeitos colaterais de sangramento. A descoberta desencadeou uma corrida por inibidores FXII que pudessem se tornar medicamentos anticoagulantes.

Anticoagulante sintético

Agora, Jonas Wilbs e seus colegas da Escola Politécnica Federal de Lausanne (Suíça) finalmente conseguiram desenvolver o primeiro inibidor de FXII sintético, o que significa que a substância pode vir a ser produzida em larga escala e de forma consistente.

O inibidor apresentou alta potência, alta seletividade e é altamente estável, com meia-vida plasmática de mais de 120 horas.

"O novo inibidor de FXII é um candidato promissor para tromboproteção segura em pulmões artificiais, que são usados para reduzir o tempo entre a insuficiência pulmonar e o transplante de pulmão," disse o professor Christian Heinis. "Nesses dispositivos, o contato das proteínas do sangue com superfícies artificiais, como a membrana do oxigenador ou dos tubos, pode causar coagulação do sangue."

Conhecido como "ativação por contato", esse fenômeno pode levar a complicações graves, ou mesmo à morte, e limita o uso de pulmões artificiais a não mais do que alguns dias ou semanas.

O único problema é que o inibidor tem um tempo de retenção relativamente curto no corpo: suas moléculas são muito pequenas e os rins poderiam simplesmente filtrá-lo. No contexto dos pulmões artificiais, isso significaria a necessidade de uma infusão constante, uma vez que suprimir a coagulação do sangue por vários dias, semanas ou meses requer um longo tempo de circulação.

Mas o professor Heinis está otimista: "Estamos consertando isso; atualmente estamos desenvolvendo variantes do inibidor FXII com um tempo de retenção mais longo."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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