Carma? Deus vai me perdoar, mas vai punir você

"Boas coisas ele não fez. Isso é punição pelo carma dele."[Imagem: Gerado por IA/DALL-E]

Meu carma bom, seu carma ruim

A imensa maioria das pessoas ao redor do mundo acredita na ideia de que a justiça divina punirá as pessoas que praticam más ações e recompensará as que praticam o bem.

Mas essa crença, comumente conhecida como carma, parece ser interpretada de modos muito diferentes conforme falamos de nós mesmos ou de outras pessoas.

O que se descobriu agora é que as pessoas são mais propensas a acreditar que conquistaram coisas boas em suas vidas por mérito próprio, devido ao seu carma positivo, enquanto as coisas ruins que aconteceram com outras pessoas seriam devidas a punições pelo carma ruim delas.

Cindel White e colegas da Universidade de Nova York (EUA) queriam saber se as pessoas adotariam um viés mais negativo, concentrando-se mais na punição cármica, ou, inversamente, se teriam um viés de positividade, um desejo ver o lado bom das pessoas, dando mais atenção a evidências de bom carma.

O resultado indica que as duas coisas são verdadeiras, mas de uma maneira inesperada: Acontece que atribuímos um bom carma a nós mesmos e achamos razões de sobra para apontar um carma ruim nos outros.

Foram mais de 2.000 voluntários, que relembraram e escreveram sobre eventos cármicos em suas próprias vidas ou na vida de outras pessoas. Os participantes tinham origens religiosas variadas - 29% eram cristãos, 30% budistas, 22% hindus, 4% de outras religiões e 15% não religiosos.

No geral, a maioria dos participantes (86%) optou por escrever sobre algo que aconteceu a eles mesmos. Nesse grupo, a maioria (59%) escreveu sobre uma experiência positiva decorrente de um bom carma. Em contraste, dos 14% dos participantes que escreveram sobre uma experiência cármica que aconteceu com outra pessoa, 92% escreveram sobre algo negativo.

Pessoas que acreditam em carma são mais suscetíveis a se envolver em atos de bondade - desde que o pedido seja feito da forma correta.
[Imagem: UCR]

Bom comigo, ruim com você

Os pesquisadores então partiram para uma abordagem direcionada, dizendo a cada um se deveriam escrever sobre si mesmos ou sobre os outros.

No geral, 69% dos participantes designados para escrever sobre si mesmos escreveram sobre uma experiência cármica positiva, enquanto apenas 18% dos designados para escrever sobre outra pessoa escreveram sobre uma experiência positiva. Uma análise dos sentimentos subjacentes às palavras usadas pelos participantes também revelou que as histórias tinham maior probabilidade de apresentar um sentimento positivo quando as pessoas escreviam sobre eventos cármicos de suas próprias vidas.

"Encontramos padrões muito semelhantes em diversos contextos culturais, incluindo amostras ocidentais, onde sabemos que as pessoas costumam pensar sobre si mesmas de maneiras exageradamente positivas, e amostras de países asiáticos, onde as pessoas são mais propensas à autocrítica," comentou White. "O viés positivo nas autopercepções cármicas é um pouco mais fraco nas amostras da Índia e de Cingapura, em comparação com as amostras dos EUA, mas em todos os países os participantes foram muito mais propensos a dizer que outras pessoas enfrentam punições cármicas, enquanto eles recebem recompensas cármicas."

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