28/04/2023

Cientistas dizem ter encontrado área onde a mente se conecta ao cérebro

Redação do Diário da Saúde

Conexão mente-corpo

Cientistas acreditam ter encontrado o ponto onde a mente se ancora no cérebro.

A chamada medicina mente-corpo ocupa hoje um lugar de destaque entre os cientistas e médicos que querem romper os limites da medicina puramente medicamentosa.

Com isto, os estudos em busca das conexões entre o psicológico e o fisiológico representam uma área florescente de pesquisas. Diversas equipes já alegaram ter encontrado uma conexão mente-corpo envolvendo diferentes aspectos, como o estresse ou a depressão, ou descoberto a conexão entre a mente e o corpo envolvendo os aspectos motores.

Seguindo esta última linha, Evan Gordon e colegas da Universidade de Washington (EUA) descobriram agora como partes do cérebro que controlam o movimento estão conectadas a redes envolvidas no pensamento, no planejamento e no controle de funções corporais involuntárias, como pressão sanguínea e frequência cardíaca.

Este é um conhecimento que pode explicar fisiologicamente os efeitos tão conhecidos da meditação, por exemplo.

"As pessoas que meditam dizem que, ao acalmar seu corpo com, digamos, exercícios respiratórios, você também acalma sua mente," disse Gordon. "Esse tipo de prática pode ser muito útil para pessoas com ansiedade, por exemplo, mas até agora não há muitas evidências científicas de como isso funciona. Mas agora encontramos uma conexão. Encontramos o lugar onde a parte de sua mente altamente ativa e voltada para objetivos, do tipo 'Vai, vai, vai!' se conecta às partes do cérebro que controlam a respiração e a frequência cardíaca. Se você acalmar um, isso absolutamente deve ter efeitos de feedback no outro."

Cientistas dizem ter encontrado conexão mente-corpo - de novo
Três pontos coloridos em cada metade do cérebro destacam áreas especiais nas regiões de movimento que se conectam a áreas envolvidas no pensamento, planejamento e controle das funções corporais básicas, como a frequência cardíaca. Quanto mais quente a cor, mais densas as conexões.
[Imagem: Evan Gordon/Washington University]

Mente e movimento intercalados

Na década de 1930, o neurocirurgião Wilder Penfield mapeou as áreas motoras do cérebro aplicando pequenos choques elétricos nos cérebros expostos de pessoas submetidas a cirurgia cerebral. Ele descobriu que estimular uma faixa estreita de tecido em cada metade do cérebro causa espasmos em partes específicas do corpo. Além disso, as áreas de controle no cérebro estão dispostas na mesma ordem das partes do corpo que dirigem, com os dedos dos pés em uma extremidade de cada faixa e o rosto na outra.

O mapa de Penfield das regiões motoras do cérebro - retratado como um homúnculo, ou "homenzinho" - tornou-se um elemento fundamental dos livros de neurociência.

Gordon e seus colegas queriam replicar o trabalho de Penfield com mais detalhes, mas sem abrir o crânio das pessoas. Para isso, eles se valeram da ressonância magnética funcional (fMRI).

Para sua surpresa, eles descobriram que o mapa de Penfield não está correto. O controle dos pés está no local que Penfield havia identificado, o mesmo acontecendo para as mãos e o rosto. Mas, intercaladas com essas três áreas-chave, há outras três áreas que não pareciam estar diretamente envolvidas no movimento, embora estivessem na área motora do cérebro.

Além disso, as áreas de não movimento pareciam diferentes das áreas de movimento: Mais finas e fortemente conectadas umas às outras e a outras partes do cérebro envolvidas no pensamento, planejamento, excitação mental, dor e controle de órgãos internos e funções como pressão sanguínea e frequência cardíaca.

Cientistas dizem ter encontrado conexão mente-corpo - de novo
Estas conexões neurais podem explicar os efeitos de terapias cognitivo-comportamentais ou de práticas como a meditação.
[Imagem: Sara Moser/Washington University]

Rede de Ação Somatocognitiva

Experimentos adicionais com imagens mostraram que, embora as áreas sem movimento não se tornassem ativas durante o movimento, elas se tornavam ativas quando a pessoa pensava em se mover.

A equipe batizou essas áreas de Rede de Ação Somatocognitiva, onde "somato" representa o corpo e cognitiva a mente.

"Todas essas conexões fazem sentido se você pensar sobre para o que o cérebro realmente serve," comentou o professor Nico Dosenbach. "O cérebro serve para se comportar com sucesso no ambiente, para que você possa atingir seus objetivos sem se machucar ou se matar. Você move seu corpo por um motivo. Claro, as áreas motoras devem estar conectadas à função executiva e ao controle de processos corporais básicos, como pressão arterial e dor. A dor é o feedback mais poderoso, certo? Você faz algo, dói e pensa: 'Não vou fazer isso de novo.'"

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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