30/12/2021

Confiança e conhecimento importam mais para vacinação que medo da pandemia

Redação do Diário da Saúde
Confiança e conhecimento importam mais para vacinação que medo da pandemia
Modelo que liga as variáveis de fundo não específicas da covid e as específicas da covid com a mudança na intenção de vacinação.[Imagem: Annenberg Public Policy Center]

Confiança nas autoridades de saúde

Ao examinar por que as pessoas que inicialmente hesitam quanto à vacinação podem mudar de ideia e aceitar a vacina contra a covid-19, os cientistas têm dado muito atenção às crenças que os indivíduos têm sobre o coronavírus, a quais informações falsas foram expostos e o quanto eles se preocupam em ficar doentes.

Mas um novo estudo sugere que esse foco muito estreito nos fatores específicos da covid-19 está deixando de lado influências críticas para a decisão de vacinar-se ou não.

Uma pesquisa com mais de 8.000 adultos, entrevistados ao longo da duração da pandemia, revelou que a vontade de as pessoas se vacinarem contra a covid-19 estava ancorada em fatores de fundo muito mais permanentes, como a confiança nas autoridades de saúde.

Além disso, o conhecimento sobre a vacinação em geral, o histórico de vacinação contra a gripe e padrões de dependência da mídia desempenharam um papel mais proeminente para a decisão final de se vacinar do que fatores específicos da covid-19, como a preocupação em ser infectado.

"A confiança e o conhecimento sobre a vacinação são indicadores mais fortes da vacinação do que quaisquer fatores específicos da covid," ressaltou a professora Kathleen Jamieson, da Universidade da Pensilvânia (EUA). "Uma estratégia de comunicação focada em crenças específicas da covid e teorias da conspiração, embora valiosa, pode estar incompleta. Precisamos fazer tudo o que pudermos de forma consistente para reforçar a confiança nas autoridades de saúde, a compreensão da natureza, dos sucessos e dos benefícios de vacinação, e do comportamento habitual de vacinação."

Mudança das intenções de ser vacinado

O estudo, feito nos EUA, descobriu que, durante a fase inicial da pandemia, as intenções das pessoas de se vacinar contra a covid-19 diminuíram continuamente, atingindo o mínimo em setembro de 2020, antes de começar a aumentar novamente depois das eleições presidenciais, que tiraram Donald Trump do poder.

Os pesquisadores descobriram que a confiança nas instituições científicas e nas autoridades de saúde desempenhou um papel fundamental para as intenções dos indivíduos de serem vacinados, especialmente no início da pandemia. No entanto, com a continuação da pandemia, surgiram outros fatores relacionados à confiança.

"As influências mais gerais sobre a disposição de se vacinar, em oposição às crenças relacionadas à própria pandemia, foram realmente críticas para entender a mudança na hesitação," disse o pesquisador Dan Romer. "As crenças e o comportamento de fundo em relação à vacinação em geral foram mais de duas vezes mais preditivos da mudança na intenção de vacinação do que as crenças sobre a própria pandemia, como a ameaça de infecção."

A evidência, escreveram os pesquisadores, "documenta a necessidade de a comunidade de saúde pública redobrar seus esforços para se comunicar preemptivamente e persistentemente não apenas sobre como as vacinas em geral funcionam, mas também sobre seus benefícios, segurança e eficácia".

Contrariando as expectativas, os pesquisadores descobriram que o pensamento conspiratório geral não agiu como um preditor negativo da disposição das pessoas em mudar seu pensamento sobre a vacinação, embora a crença em conspirações específicas sobre a covid tivesse esse papel - sugerindo a necessidade de identificar e combater conspirações relacionadas à saúde o mais rápido possível, à medida que começam a circular na mídia.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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