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|  | 30/10/2025 Cientistas dizem que o glúten pode não ser o problema, afinalRedação do Diário da Saúde 
"Dieta sem glúten é mais saudável" e outros equívocos sobre a doença celíaca.[Imagem: MLbay/Pixabay] Não é o glúten? Lembra-se dos rótulos de produtos alertando os consumidores de que tal ou qual produto possuem ou não glúten? Pois o glúten pode não ser a grande ameaça a uma grande parcela dos pacientes. Uma nova pesquisa surpreendente indica agora que a maioria das pessoas que acreditam ser sensíveis ao glúten estão, na verdade, reagindo a outros fatores, como carboidratos fermentáveis, ou pela mera dinâmica cérebro-intestino. Jessica Biesiekierski e colegas da Universidade de Melbourne (Austrália) contestam a ideia de que o próprio glúten seja o culpado pelos sintomas da sensibilidade não-celíaca ao glúten, destacando que é necessário desenvolver melhores ferramentas de diagnóstico, tratamentos mais personalizados e, sobretudo, é necessário, segundo a equipe, decretar o fim da abstinência desnecessária de glúten. Doença celíaca versus sensibilidade não-celíaca ao glúten Há uma diferença entre os portadores de doença celíaca e pessoas que apresentam sensibilidade não-celíaca ao glúten (SNCG): a principal diferença reside no fato de que a doença celíaca é uma doença autoimune, enquanto a sensibilidade não-celíaca ao glúten não é. Na doença celíaca, o glúten "engana" o sistema imunológico, que ataca o corpo, especificamente o intestino. É como uma alergia grave associada a uma doença autoimune, podendo causar um ferimento visível no intestino, um achatamento, que impede a absorção de comida. Na sensibilidade não-celíaca ao glúten, o corpo reage mal ao glúten (ou a outras substâncias no trigo), causando sintomas, mas sem que o corpo ataque a si mesmo. O intestino parece normal ao microscópio, mas a pessoa sente os sintomas - inchaço, dor abdominal e fadiga são comuns entre as pessoas que relatam sensibilidade ao glúten.  Intolerância ao glúten pode ser provocada por um vírus. [Imagem: Cortesia Purdue University/Department of Biology] Crença popular? Esta nova pesquisa é na verdade uma ampla revisão de toda a literatura científica envolvendo ambas as condições. Quando os pesquisadores compararam as reações em estudos cuidadosamente controlados, descobriram que apenas um pequeno número de pessoas apresenta respostas genuínas ao glúten - no geral, as reações não foram diferentes daquelas causadas por um placebo. "Ao contrário da crença popular, a maioria das pessoas com SNCG não reage ao glúten," disse Jessica. "Nossas descobertas mostram que os sintomas são mais frequentemente desencadeados por carboidratos fermentáveis, comumente conhecidos como FODMAPs, por outros componentes do trigo ou pelas expectativas e experiências anteriores das pessoas com alimentos." Os pesquisadores afirmam que o tratamento bem-sucedido da SNCG deve combinar mudanças alimentares com apoio psicológico, mantendo uma nutrição adequada. "Gostaríamos de ver as mensagens de saúde pública se distanciarem da narrativa de que o glúten é inerentemente prejudicial, pois esta pesquisa mostra que muitas vezes esse não é o caso," disse Jessica. "Essas descobertas também exigem melhores ferramentas de diagnóstico, caminhos clínicos mais rigorosos e financiamento de pesquisas nessa área, bem como melhor educação pública e melhor rotulagem de alimentos."  Livro traz receitas sem glúten à base de soja. [Imagem: Embrapa/Thiago Ienco] FODMAPs Segundo a revisão, os verdadeiros vilões da SNCG parecem ser os FODMAPs (em particular os frutanos), que são carboidratos de cadeia curta presentes no trigo, na cebola, no alho e em outros alimentos - FODMAP é um acrônimo em inglês formado pela junção dos termos oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis. O glúten e os FODMAPs estão presentes nos mesmos alimentos, o que pode ter causado a confusão inicial. Muitas pessoas que se autodiagnosticam com "sensibilidade ao glúten" podem, na verdade, ser sensíveis aos FODMAPs. Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br URL: A informação disponível neste site é estritamente jornalística, não substituindo o parecer médico profissional. Sempre consulte o seu médico sobre qualquer assunto relativo à sua saúde e aos seus tratamentos e medicamentos. | |