06/01/2020

Inteligência artificial ajuda a conversar melhor sobre o morrer

Redação do Diário da Saúde
Inteligência artificial ajuda a conversar melhor sobre o morrer
A sabedoria renasce quando chega o fim da vida, algo que os profissionais de cuidados paliativos precisam saber porque todos merecem uma morte tranquila.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Conversas no fim da vida

O aprendizado de máquina e o processamento de linguagem natural estão sendo usados para uma melhor compreensão de como são as conversas no fim da vida - e de como elas podem ser mais construtivas.

Essas técnicas de análise do discurso já vêm sendo usadas há anos para estudar obras de ficção, onde algoritmos de aprendizado de máquina analisam textos para identificar os tipos de histórias e fazer recomendações de livros.

Como os resultados são cada vez melhores, Lindsay Ross e Robert Gramling, da Universidade de Vermont (EUA), tiveram a ideia de usar essas técnicas para analisar a questão inescapável da vida real: o morrer.

Esse conhecimento pode ajudar os profissionais de saúde a entender o que faz uma "boa conversa" sobre cuidados paliativos ou como como conversar com pessoas com doenças terminais ou graves.

"Nós queremos entender essa coisa complexa chamada de conversa. Nosso principal objetivo é melhorar a avaliação das conversações para que possamos reprojetar o sistema de saúde para que ele se comunique melhor," disse o professor Gramling.

Do pior para o melhor, do passado para o futuro

A equipe adaptou o método usado na ficção para analisar 354 transcrições de conversas sobre cuidados paliativos coletadas pela Iniciativa de Pesquisa em Comunicação em Cuidados Paliativos, envolvendo 231 pacientes em Nova York e na Califórnia.

Eles dividiram cada conversa em 10 partes, com um número igual de palavras em cada uma, e examinaram como a frequência e a distribuição das palavras referentes ao tempo, terminologia da doença, sentimentos e palavras indicando possibilidade e desejo mudavam entre cada bloco da conversa.

A análise mostrou um padrão claro: As conversas tendem a progredir, passando do passado para o futuro, e dos sentimentos mais tristes para os mais felizes. "É uma faixa muito ampla, [as conversas] passam de muito tristes a muito felizes," disse Gramling.

As discussões também evoluíram de falar sobre sintomas no início da conversa, para opções de tratamento no meio e prognóstico no final. E o uso de verbos modais - palavras como "pode", "deve" e "vai", que se referem a probabilidades e conveniências - também aumentou à medida que a conversa prosseguia. "No final, houve mais avaliação do que descrição," disse Gramling.

Uma boa conversa sobre o morrer

O extudo revelou como diferentes tipos de conversas podem exigir respostas diferentes dos profissionais de saúde.

Isso pode ajudar a criar intervenções compatíveis com o que a conversa indica que o paciente mais precisa, além de ensinar aos profissionais de saúde não especialistas em cuidados paliativos sobre como lidar melhor do que o caso de pacientes terminais.

"Um tipo de conversa pode levar a uma necessidade contínua de informações, enquanto outro pode ter uma necessidade contínua de suporte funcional," diz Gramling. "Portanto, uma das maneiras pelas quais esses tipos de conversa podem nos ajudar é na identificação de quais são os recursos que precisaremos para pacientes e famílias, para que não apenas apliquemos as mesmas coisas a todos".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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