01/06/2022

Pessoas mais ricas acreditam que políticas anti-desigualdade as prejudicam

Com informações da New Scientist
Mais ricos são contra políticas pró-igualdade mesmo quando se beneficiam delas
Outro estudo recente mostrou que quem acredita que o sistema econômico é justo importa-se menos com a desigualdade.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Vai tirar o que deveria ser meu

Pessoas das classes mais ricas ou de grupos privilegiados interpretam erroneamente as políticas de redução da desigualdade como se fossem prejudiciais a elas, mesmo que elas realmente se beneficiem.

Estudos anteriores descobriram que pessoas de classes economicamente mais ricas frequentemente não apoiam intervenções que redistribuam recursos para pessoas desfavorecidas, mas esses estudos são feitos tipicamente em cenários de soma zero, onde há recursos limitados, o que significa que o recurso vai para os mais pobres, mas não para os mais ricos - ainda que os recursos não estejam sendo "tirados" dos mais ricos.

Agora, os pesquisadores exploraram o grau em que as pessoas de grupos favorecidos pensam que as políticas de promoção da igualdade prejudicariam seu acesso a recursos, com a diferença de que eles usaram cenários em que as estratégias beneficiariam ou não teriam efeito sobre o grupo mais favorecido, mesmo reforçando os recursos de um grupo desfavorecido.

Derek Brown e seus colegas da Universidade da Califórnia de Berkeley (EUA) conduziram uma série de experimentos envolvendo mais de 4.000 voluntários.

"Se ele melhora, eu pioro"

Em um experimento, os pesquisadores apresentaram a pessoas brancas, que não eram hispânicas, políticas que não afetariam seu próprio grupo favorecido e beneficiariam um grupo desfavorecido ao qual elas não pertenciam - pessoas com deficiência, pessoas que cometeram um crime no passado, membros de um grupo racial minoritário ou mulheres. É importante ressaltar que a equipe disse aos participantes que os recursos - na forma de empregos ou dinheiro - eram ilimitados, não saindo de outro grupo.

Em média, as pessoas favorecidas perceberam as políticas de redução da desigualdade como prejudiciais ao seu acesso a recursos, mesmo sabendo que os recursos eram ilimitados. "Descobrimos que os membros privilegiados interpretaram erroneamente essas políticas como um sacrifício do seu grupo, mesmo quando esse não é o caso," disse Brown.

Os pesquisadores então pediram aos participantes que considerassem um cenário ganha-ganha, envolvendo políticas de redução da desigualdade que beneficiassem tanto os grupos desfavorecidos quanto os favorecidos - mas os últimos em menor grau.

Também neste caso, a maioria das pessoas favorecidas achava que as políticas de redução da desigualdade com benefícios para todos seriam mais prejudiciais para elas do que as políticas de aumento da desigualdade que tinham um custo para o grupo favorecido.

"Pensamos que, talvez, se criássemos uma situação de benefício mútuo ou de ganho mútuo, talvez [as pessoas mais ricas] vissem as políticas de melhoria da igualdade como úteis. Mas elas não viram assim," contou Brown.

Nós e eles

Curiosamente, as pessoas economicamente mais favorecidas tenderam a ver as políticas de promoção da igualdade como menos prejudiciais ao seu acesso a recursos quando essas políticas beneficiavam pessoas desfavorecidas mas que compartilhavam uma identidade com elas.

Por exemplo, os participantes brancos geralmente pensavam que perderiam menos com uma política que direcionasse relativamente mais dinheiro para brancos desfavorecidos, em comparação com uma política que dava aos negros desfavorecidos os mesmos benefícios.

"Pessoas privilegiadas viram essas políticas com mais precisão quando destacamos uma disparidade dentro de seu próprio grupo, versus uma que ocorre entre diferentes grupos," detalhou Brown. "Isso sugere que, quando nos identificamos com um determinado grupo e vemos uma disparidade ocorrendo dentro do nosso grupo, somos motivados a reduzir essa disparidade dentro do grupo".

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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