03/03/2020

Mídias sociais e mecanismos de busca podem não ser tão ruins assim

Redação do Diário da Saúde
Mídias sociais e mecanismos de busca podem não merecer sua má-reputação
Independentemente da variedade de notícias e fontes, os sites de mídia social têm sido apontados como vilões em outra questão: as notícias falsas.[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Só ver o que interessa

Um grupo de pesquisadores alemães está questionando a noção largamente aceita de que o uso de redes sociais e mecanismos de busca teria um impacto negativo na diversidade de notícias que as pessoas acessam.

Essa noção propõe que esses serviços isolam os usuários da internet em "bolhas de informação" - ou "bolhas de realidade" -, que impedem que os internautas tenham contato com informações que contestam seus pontos de vista.

Isso tem sido atribuído à filtragem algorítmica usada por esses sites, que apenas exibem informações que correspondem aos interesses e preferências dos usuários individuais, com um impacto negativo na diversidade de notícias que as pessoas acessam.

É exatamente esta conjectura que Michael Scharkow e seus colegas estão contestando.

Vendo notícias sem procurar por elas

Com base em uma análise do comportamento de navegação na web de mais de 5.000 usuários alemães da internet, os pesquisadores afirmam que o uso de intermediários como Facebook, Twitter, Google, ou portais como GMX, resulta em mais visitas a sites de notícias e em uma variedade maior dos sites de notícias visitados.

Isso é o oposto exato do que tem sido postulado até o momento.

No caso das mídias tradicionais, como a televisão e os jornais, as pessoas geralmente só veem as notícias se decidem deliberadamente fazê-lo. Já nessas "plataformas intermediárias" da internet, as pessoas também podem entrar em contato com notícias por acaso, se, por exemplo, seus contatos compartilharem conteúdo de notícias com elas ou quando recebem artigos interessantes por e-mail, defende a equipe.

"Qualquer pessoa que visite o Facebook ou o Google tem muito mais chances de entrar em contato com notícias. Portanto, o uso desses intermediários é um mecanismo importante no consumo de notícias na internet," resumiu o professor Frank Mangold, da Universidade de Hohenheim.

Possível viés

Segundo os pesquisadores, os resultados de sua análise podem ter implicações políticas e sociais significativas, uma vez que refutam a noção de formação de bolhas de filtro e câmaras de eco.

"Os debates até agora, em muitos aspectos, têm girado em torno do medo de que a mídia online levasse a novas barreiras sociais," disse Scharkow, da Universidade de Mainz. "No entanto, nossas descobertas mostram que as mídias sociais e os mecanismos de pesquisa têm um grande potencial para quebrar as barreiras existentes".

Por último, mas não menos importante, os pesquisadores reconhecem que podem ocorrer vieses quanto às notícias apresentadas a cada pessoa, apontando que são necessários mais estudos e insights mais detalhados sobre os algoritmos dos sites intermediários, a fim de entender mais precisamente como esses intermediários promovem o consumo não intencional de notícias.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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