02/12/2019

Por que não é fácil identificar notícias falsas no Facebook

Redação do Diário da Saúde
Por que não é fácil identificar notícias falsas no Facebook
Suas postagens no Facebook podem denunciar até 21 doenças, incluindo um diagnóstico futuro de depressão.
[Imagem: Cortesia H. Andrew Schwartz/Stony Brook]

Pior que a média

Quando se trata da polarização política e dos discursos de violência nas redes sociais, as coisas podem ser piores que poderíamos imaginar.

Psicólogos garantem que você não pode confiar em si mesmo para discernir o que é verdade e o que não é quando você está lendo postagens no Facebook.

"Todos nós acreditamos que somos melhores do que as pessoas comuns em detectar notícias falsas, mas isso simplesmente não é possível. O ambiente das mídias sociais e nossos próprios preconceitos nos tornam muito piores do que pensamos," explica a professora Patricia Moravec, da Universidade do Texas em Austin (EUA).

Dissonância cognitiva

A equipe de psicólogos trabalhou com 80 estudantes de graduação que eram usuários frequentes das redes sociais, que primeiro responderam a 10 perguntas sobre suas próprias crenças políticas. Cada participante foi então equipado com uma touca cheia de eletrodos para monitorar seu cérebro por meio de um exame contínuo do eletroencefalografia.

Cada estudante devia então ler 50 manchetes de notícias políticas apresentadas como apareceriam em uma listagem de notícias do Facebook e avaliar sua credibilidade. Quarenta das manchetes foram divididas igualmente entre verdadeiras e falsas, com 10 títulos claramente verdadeiros incluídos como controle.

Os estudantes acertaram em suas avaliações em apenas 44% das vezes, selecionando predominantemente as manchetes que se alinhavam às suas próprias crenças políticas. Isso é pior do que uma escolha ao acaso, mostrando que os estudantes foram fortemente influenciados por suas próprias crenças políticas.

Por que não é fácil identificar notícias falsas no Facebook
Embora as mídias sociais sejam descritas como busca passiva de prazer, parece que o Facebook rende menos felicidade e mais emoções negativas.
[Imagem: Diário da Saúde]

Conforme faziam o exercício, os participantes passaram mais tempo e mostraram significativamente mais atividade em seus córtices frontais - a área do cérebro associada à excitação, acesso à memória e consciência - quando as manchetes apoiavam suas crenças, mas eram sinalizadas como falsas. Essas reações de desconforto indicaram uma dissonância cognitiva quando as manchetes que sustentavam suas crenças eram marcadas como falsas.

Mas essa dissonância não foi suficiente para fazer os participantes mudarem de ideia. Eles disseram predominantemente que as manchetes em conformidade com suas crenças preexistentes eram verdadeiras, independentemente de serem sinalizadas como potencialmente falsas. A marcação inicial não mudou suas respostas, mesmo que os fizesse parar um pouco mais e estudar cada questão um pouco mais cuidadosamente.

A afiliação política não fez diferença em sua capacidade de determinar o que era verdadeiro ou falso. "A identidade autorreferida das pessoas como democrata [progressista] ou republicana [conservador] não influenciou sua capacidade de detectar notícias falsas," disse Moravec. "E não determinou quão céticos eles eram sobre o que é novidade e o que não é".

Mistura de realidade e ficção

A conclusão dos pesquisadores é que o ambiente do Facebook "turva as águas entre fato e ficção". Diferentemente de quando estamos no trabalho ou focados em uma meta, parece que nos tornamos incapazes de pensar criticamente quando estamos nessa mentalidade passiva e em busca de prazer.

"Quando estamos nas mídias sociais, nós buscamos passivamente prazer e entretenimento," disse Moravec. "Estamos evitando alguma outra coisa. O fato de a mídia social perpetuar e alimentar esse viés complica a capacidade das pessoas de tomar decisões baseadas em evidências. Mas, se os fatos que você possui são poluídos por notícias falsas nas quais você realmente acredita, então as decisões que você tomar serão muito piores."

Checagem com artigo científico:

Artigo: Fake News on Social Media: People Believe What They Want to Believe When it Makes No Sense At All
Autores: Patricia L. Moravec, Randall K. Minas, Alan R. Dennis
Publicação: Management Information Systems Quarterly
Vol.: 43, Issue 4, 1343-1360
DOI: 10.25300/MISQ/2019/15505
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