25/03/2019

Nossos olhos mostram quando cometemos determinados erros

Redação do Diário da Saúde

Olhos como janelas

Parece que nossos olhos são janelas multidimensionais.

Já sabemos que os olhos são uma janela para o coração, que os olhos podem indicar risco de AVC e, no aspecto mais psicológico, que seu sim e seu não estão nos seus olhos e que olhos nos olhos reduzem a chance de ouvir uma mentira.

Mas tem mais do que isso.

Quando cometemos certos tipos de erros, nossas pupilas mudam de tamanho, denunciando nossa falha.

"Quando tomamos decisões na vida real, nós não temos todas as informações prontas de uma só vez; temos que integrar as informações ao longo do tempo para tomar uma decisão. Os seres humanos não tomam decisões perfeitas. Eles estão sujeitos a muitos vieses cognitivos, de forma que uma questão é: A que tipos de preconceitos estamos sujeitos nesse processo de integrar evidências ao longo do tempo?" detalha o pesquisador Waitsang Keung, da Universidade do Arizona (EUA).

Erros no olhar

Para estudar o "errar é humano", os pesquisadores realizaram um teste auditivo em 108 voluntários, no qual cada um ouvia uma série de 20 cliques, alguns no ouvido esquerdo e alguns no direito, ao longo de um único segundo. Os participantes então tinham que decidir qual orelha recebeu o maior número de cliques. Cada voluntário repetiu a tarefa 760 vezes, em média, com os padrões de cliques variando em cada tentativa.

Devido à natureza rápida da tarefa, os erros de resposta foram comuns, com os participantes dando a resposta errada cerca de 22% das vezes.

Ao longo de todos os testes, os pesquisadores monitoraram o que estava acontecendo nos olhos dos participantes, especificamente em suas pupilas.

Nossos olhos mostram quando cometemos determinados erros
Nós temos também "olhos da mente", que processam as imagens sem nos darmos conta.
[Imagem: Laura Cacciamani]

Erros aparecem nas pupilas

Os dados mostraram quatro fontes principais que se acredita contribuírem para erros em decisões perceptivas simples: Todas as quatro fontes contribuíram para os erros cometidos pelos participantes do estudo, e a reatividade das pupilas se correlacionou com duas dessas fontes.

Um dos motivos pelos quais tomamos decisões imperfeitas é porque pesamos de forma desigual as evidências que recebemos ao longo do tempo. Em um mundo perfeito, pesaríamos igualmente todas as evidências que recebemos. Na realidade imperfeita em que vivemos, tendemos a pesar as informações de maneira muito mais desigual.

Por exemplo, ao ouvir uma palestra, algumas pessoas podem dar muito peso às observações de abertura do palestrante - algo conhecido como "efeito de primazia". Em outros casos, os comentários finais ou as coisas que se ouve por último podem influenciar fortemente os ouvintes - algo conhecido como "efeito de recentidade". Os pesquisadores se referem ao padrão de como os humanos pesam as evidências ao longo do tempo como o "núcleo de integração".

Os participantes do estudo cujo núcleo de integração era mais desigual - em outras palavras, aqueles que pesaram as evidências que receberam durante a tarefa de forma mais desigual - tiveram maior dilatação da pupila. Isso foi especialmente verdadeiro para os participantes cujas respostas foram mais influenciadas pelos cliques que ouviram no meio da tarefa do que pelos cliques no início ou no final.

A pesagem desigual de evidências foi a segunda principal causa de erros nos testes. A fonte número 1 de erros, que também se correlacionou com a dilatação da pupila, foi o chamado "ruído" no cérebro, ou a incapacidade do cérebro para interpretar a entrada com perfeição.

"O cérebro é uma coisa intrinsecamente barulhenta, porque é basicamente um computador feito de gordura e água. Ele tem uma incapacidade intrínseca de representar estímulos perfeitamente," disse o professor Robert Wilson, membro da equipe.

As outras duas fontes de erro presentes nos testes - mas que não se correlacionaram com a mudança no tamanho da pupila - foram: Efeito ordem de testes anteriores, ou a tendência de uma pessoa deixar que decisões e resultados anteriores interfiram na escolha atual; e preconceitos irracionais, ou a preferência pessoal consistente de um indivíduo por um excesso de uma escolha sobre outra, independentemente da evidência.

Nossos olhos mostram quando cometemos determinados erros
Médicos estão tentando diagnosticar Alzheimer pelos olhos, assim como já se faz para medir o risco de AVC.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Norepinefrina e erros

Enquanto alguns participantes do estudo mostraram mudança significativa na pupila durante a tarefa, outros mostraram pouca ou nenhuma, dependendo do que estava na raiz de seus erros. Não está claro porque algumas pessoas seriam mais propensas a certos tipos de erros do que outras - essa é uma área para pesquisas futuras, diz a equipe.

Também se sabe que o tamanho da pupila reflete os níveis de norepinefrina do cérebro - um neurotransmissor que modula a excitação.

"Nós usamos a pupilometria como uma aproximação para os níveis de norepinefrina no cérebro, já que observamos como as pupilas mudam dependendo de quais preconceitos uma pessoa exibe," disse Keung.

Isso, na verdade, levanta outra questão para pesquisas futuras: "Processos de excitação parecem estar envolvidos na modulação de dois tipos de erros, mas não com todos os quatro tipos de erros, e isso pode ser dirigido pela norepinefrina. Isso potencialmente significa que a norepinefrina está controlando o número de erros que estamos cometendo e nossa quantidade de variabilidade comportamental. Se a norepinefrina está relacionada ao número de erros que você comete, até que ponto você pode controlá-la?" questiona Wilson.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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