14/07/2021

Nova descoberta questiona teoria prevalecente sobre Alzheimer

Redação do Diário da Saúde
Nova descoberta questiona teoria prevalecente sobre Alzheimer
"As placas amiloides são uma consequência, não uma causa da doença de Alzheimer," garantem os cientistas.[Imagem: Life Science Animation]

Teoria amiloide

A proteína beta-amiloide, em sua forma solúvel original, é necessária para manter o cérebro saudável, mas às vezes ela se endurece em "pedras cerebrais", ou aglomerados, chamados de placas amiloides.

Como essas placas foram encontradas no cérebro de pacientes que morreram com Alzheimer, rapidamente emergiu a teoria de que a beta-amiloide causa o Alzheimer.

Hoje essa teoria já foi largamente abandonada pela comunidade científica, principalmente depois que todos os candidatos a medicamentos e tratamentos com base nessa teoria falharam. Além de questionar a ligação entre as placas amiloides e o Alzheimer, estudos mais recentes comprovam que as proteínas beta-amiloide podem ter efeito benéfico para o cérebro.

Em mais uma evidência nesse sentido, um novo estudo indica agora que um tratamento real e eficaz para a doença de Alzheimer possa estar na normalização dos níveis da beta-amiloide saudável.

Esta conclusão vem na esteira da aprovação pela autoridade de saúde norte-americana (FDA) - e largamente contestada pela comunidade científica - de um novo medicamento, o aducanumabe, cujo foco é tratar as placas amiloides.

"Não são as placas que estão causando os problemas na cognição," destaca o Dr. Alberto Espay, da Universidade de Cincinnati (EUA). "As placas amiloides são uma consequência, não uma causa da doença de Alzheimer."

Beta-amiloide solúvel

Há anos os cientistas têm-se concentrado em tratamentos para eliminar as placas amiloides, mas a equipe do professor Espay viu as coisas de uma forma diferente: O comprometimento cognitivo poderia ser devido a um declínio no peptídeo beta-amiloide solúvel, em vez de ser causada pelo acúmulo correspondente das amiloides na forma de placas.

Para testar sua hipótese, eles analisaram as imagens do cérebro e do fluido espinhal de 600 indivíduos com Alzheimer, todos com placas amiloides. A partir daí, eles compararam a quantidade de placas e os níveis do peptídeo de indivíduos com cognição normal com aqueles com deficiência cognitiva.

Eles descobriram que, independentemente da quantidade de placas no cérebro, os indivíduos com altos níveis do peptídeo eram cognitivamente normais. Eles também descobriram que níveis mais elevados de peptídeo beta-amiloide solúvel estão associados a um hipocampo maior, a área do cérebro mais importante para a memória.

De acordo com os pesquisadores, à medida que envelhecemos, a maioria das pessoas desenvolve placas amiloides, mas poucas pessoas desenvolvem demência. Na verdade, aos 85 anos, 60% das pessoas terão essas placas, mas apenas 10% desenvolverão demência, destacam eles.

"A principal descoberta da nossa análise é que os sintomas da doença de Alzheimer parecem dependentes do esgotamento da proteína normal, que está em um estado solúvel, em vez de quando se agrega em placas," disse a professora Kariem Ezzat, do Instituto Karolinska (Suécia).

Assim, a conclusão da equipe é que a abordagem terapêutica mais relevante para lidar com o Alzheimer será restabelecer essas proteínas solúveis do cérebro aos seus níveis normais. A equipe agora está trabalhando para testar suas descobertas em modelos animais.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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