27/07/2021

Por que devemos falar abertamente sobre efeitos colaterais das vacinas

Redação do Diário da Saúde
Por que devemos falar abertamente sobre efeitos colaterais das vacinas
"Quando a comunicação sobre as vacinas não é transparente, isso gera incerteza e as pessoas sentem que podem ser enganadas," disse o professor Michael Petersen.[Imagem: Aarhus University]

Hesitação à vacina

A franqueza sobre a eficácia e os efeitos colaterais das vacinas aumenta a confiança nas autoridades de saúde, e esse é um fator crucial se quisermos derrotar a pandemia do coronavírus.

Esta é a mensagem do professor Michael Petersen e seus colegas da Universidade Aarhus (Dinamarca), que estudaram o efeito das diferentes formas de comunicação sobre a propensão da população a se vacinar. O estudo incluiu 13.000 participantes, metade deles norte-americanos e a outra metade dinamarqueses.

Foram levantadas preocupações sobre as vacinas AstraZeneca e Johnson & Johnson em relação aos efeitos colaterais, raros mas potencialmente fatais, relacionados à contagem baixa de plaquetas e a coágulos sanguíneos. Recentemente, também surgiram relatórios de que a vacina Pfizer-BioNTech pode causar um efeito colateral igualmente raro, mas sério, a inflamação do coração.

As preocupações com os efeitos colaterais podem desencadear a hesitação da população em se vacinar, algo que a Organização Mundial da Saúde considera uma das "Dez ameaças à saúde global".

Assim, garantir a aceitação suficiente das vacinas é um desafio chave para derrotar a pandemia do coronavírus e qualquer outro desafio futuro.

Comunicação aberta ou comunicação vaga

Tendo esse quadro em mente, como as autoridades de saúde e os políticos podem ajudar a garantir a aceitação pública das vacinas, que já se mostraram eficazes na prevenção da covid-19 grave?

A melhor maneira de fazer isso é falar abertamente sobre todos os aspectos das vacinas, incluindo os potenciais aspectos negativos, como os efeitos colaterais, afirma a equipe.

"Nossa pesquisa mostra que, quando a comunicação sobre as vacinas é tranquilizadora, mas vaga, isso não ajuda a fomentar o apoio à vacinação. Pelo contrário, a comunicação vaga enfraquece a confiança das pessoas nas autoridades de saúde e alimenta teorias da conspiração. Quando a comunicação não é transparente, ela dispara incerteza e as pessoas sentem que podem ser enganadas," disse Petersen.

Os resultados do estudo mostram que a comunicação aberta fomenta o apoio às vacinas se descrever de forma transparente fatos neutros e positivos sobre as vacinas. No entanto, a vontade de ser vacinado diminui quando a comunicação é aberta apenas sobre características negativas da vacina, como ressaltar os riscos de efeitos colaterais sem mostrar que o risco de covid-19 é muito maior ou, eventualmente, críticas à vacinação feitas por autoridades.

Não tente esconder nada

"A transparência sobre as características negativas de uma vacina cria hesitação. Mas essa hesitação é baseada na razão e, portanto, as autoridades de saúde ainda têm a possibilidade de se comunicar com os cidadãos e explicar a eles por que ainda pode ser aconselhável aceitar a vacina," disse o professor Petersen.

Por outro lado, a comunicação vaga ou apenas tranquilizadora, quando características negativas ou arriscadas das vacinas são atenuadas, isso de fato diminui a aceitação das vacinas.

A razão é que a comunicação vaga cria uma sensação de hesitação e incerteza, o que, por sua vez, alimenta as teorias da conspiração e reduz a confiança nas autoridades de saúde, concluíram os pesquisadores.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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