21/06/2018

Por que as vacinas funcionam melhor nos países desenvolvidos?

Redação do Diário da Saúde
Por que as vacinas funcionam melhor nos países desenvolvidos?
Nos países mais ricos, o maior problema é com a desconfiança na segurança das vacinas.[Imagem: Heidi J. Larson et al. - 10.1016/j.ebiom.2016.08.042]

Vacinas para pobres e ricos

Por que as vacinas funcionam melhor em algumas partes do mundo do que em outras?

Esta é uma questão que vem desafiando cientistas e médicos há anos - especialmente aqueles que se decepcionam com os efeitos das vacinas nos climas tropicais e nas regiões mais pobres do mundo.

O Dr. Tim Schacker, da Universidade de Minnesota (EUA), acaba de encontrar uma pista importante para esclarecer por que mesmas vacinas que funcionam bem nos países desenvolvidos são menos eficazes quando são administradas no mundo em desenvolvimento.

A equipe descobriu que a culpa pode ser de doenças comuns nas partes mais pobres do mundo. Ocorre que doenças como malária, tuberculose e infecções causadas por parasitas danificam estruturas dos nodos linfáticos - ou linfonodos - que são cruciais para o desenvolvimento da imunidade gerada por uma vacina.

Em outras palavras, ter certas doenças afeta a capacidade do organismo de gerar a proteção imunológica induzida por uma vacina.

Doenças atrapalham eficácia das vacinas

Para chegar a essa conclusão, a equipe avaliou grupos de pessoas nos Estados Unidos e em Uganda, na África. Eles constataram que os ugandenses têm níveis significativamente mais altos de inflamação em seus corpos e um suprimento deficiente de células T protetoras em seus sistemas imunológicos. Seus linfonodos secundários, onde ocorrem as respostas vacinais, apresentam fibrose ou espessamento e cicatrização da inflamação.

Com essa evidência em mãos, os pesquisadores analisaram se tais diferenças seriam capazes de impedir a resposta dos ugandeses às vacinas. Para isso, os voluntários tomaram uma vacina contra a febre amarela e foram monitorados por 60 semanas, para verificar se suas anormalidades nos nodos linfáticos estariam associadas à disfunção imunológica.

"Nós demonstramos que o grau em que esses tecidos foram danificados pela inflamação está significativamente associado com a resposta à vacina," disse o Dr. Schacker. "Isso sugere que infecções comuns no mundo em desenvolvimento podem ser um importante fator limitante no desenvolvimento da resposta imune a uma vacina."

"Nós acreditamos que esses dados têm implicações importantes sobre como as vacinas são projetadas e testadas para infecções que causam grande impacto no mundo em desenvolvimento. Isso é especialmente verdadeiro para as vacinas contra o HIV, malária e tuberculose - que são responsáveis pelo maior número de mortes," finalizou o pesquisador.

O estudo foi publicado no Journal of Clinical Investigation.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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