15/06/2016

Cientistas recomendam não liberar dados sobre efeitos adversos de vacinas

Redação do Diário da Saúde
Cientistas recomendam não liberar dados sobre efeitos adversos de vacinas
A equipe recomenda que as autoridades de saúde continuem mantendo os relatos adversos causados pelas vacinas como dados sigilosos, uma vez que sua liberação poderia reduzir a propensão da população a se vacinar.
[Imagem: James Gathany/CDC]

Contar ou não contar?

Vários países possuem um sistema de monitoramento dos efeitos colaterais das vacinas. Nos EUA a entidade se chama VAERS - Vaccine Adverse Event Reporting System, ou Sistema de Notificação de Eventos Adversos gerados por Vacinas.

Recentemente tem havido uma discussão entre os cientistas se os dados desse sistema deveriam ou não se tornar públicos, por temor de que eles influenciem o movimento antivacina.

Pesquisadores da Universidade de Missouri propuseram recentemente que a comunicação aberta sobre o VAERS poderia melhorar a confiança pública de que as vacinas são seguras, aumentando assim a aceitação da vacinação, que vem enfrentando oposição de uma parcela da população ainda pequena, mas crescente.

Agora, uma equipe da mesma universidade (Missouri-Colúmbia) contestou essa visão, argumentando que, se a população ficar sabendo dos eventos adversos produzidos pela vacinação, o medo e a rejeição das vacinas pode aumentar.

Efeitos adversos da vacina contra o HPV

Usando dados sobre eventos adversos graves reportados para a Vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) em 2013, os pesquisadores analisaram cerca de 1.200 relatórios de reações arquivados pelo sistema VAERS.

Esses dados mostram que, de aproximadamente 10 milhões de vacinas, 24 pessoas relataram ter ficado deficientes e sete possivelmente morrido como resultado de tomar a vacina contra o HPV. Os relatos são voluntários, não existindo um sistema de apuração ou verificação das alegações.

Os pesquisadores então apresentaram os dados para uma série de voluntários, para ver como eles reagiriam às informações.

O primeiro grupo leu apenas o alerta oficial sobre a vacina contra o HPV que todos os pacientes recebem antes da vacinação nos EUA. O segundo grupo leu a mesma instrução, bem como informações resumidas sobre os dados registrados no VAERS. O terceiro grupo recebeu as informações oficiais e também leram os relatos detalhados de cada evento adverso.

É melhor não contar

Os resultados mostraram que os voluntários que sabiam o que era o sistema VAERS e que leram dados resumidos sobre os eventos adversos das vacinas tiveram um pouco mais de aceitação da vacinação em geral em comparação com aqueles que receberam apenas a informação oficial sobre a vacina.

No entanto, a exposição aos relatórios detalhados dos incidentes reduziu significativamente a aceitação da vacina e a confiança na declaração do CDC (Centers for Disease Control) de que as vacinas são seguras.

"Quando os participantes leram os relatórios de incidentes, houve uma redução acentuada na sua propensão a se vacinar - embora a maioria dos participantes acreditasse que as vacinas causaram poucas ou mesmo nenhuma das mortes," disse a pesquisadora Laura Scherer, coordenadora do estudo, publicado na revista científica Vaccine.

Com base nesses resultados, a equipe recomenda que as autoridades de saúde continuem mantendo os relatos adversos causados pelas vacinas como dados sigilosos, uma vez que sua liberação poderia reduzir a propensão da população a se vacinar.

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