01/06/2021

Radicalismo político é movido pelo medo da incerteza do futuro

Redação do Diário da Saúde
Radicalismo político é movido pelo medo da incerteza do futuro
Outras pesquisas já mostraram que a incerteza é mais estressante do que um não direto.[Imagem: GraniteGrok]

Medo da incerteza

Desde a década de 1950, cientistas políticos têm elaborado teorias de que a polarização política - o aumento do número de cidadãos que veem o mundo com um viés radical - estaria associada a uma incapacidade de tolerar a incerteza e, em decorrência desse medo da incerteza, de uma necessidade de manter crenças previsíveis sobre o mundo.

Até mesmo as nomenclaturas tradicionais se referem a isso, colocando os conservadores como aqueles que preferem "conservar o mundo da forma como o veem", enquanto os progressistas seriam aqueles com menos problemas em lidar com o futuro e com as novidades que ele pode eventualmente trazer.

Nessa linha de pensamento, cientistas da Universidade Brown (EUA) tentaram agora enveredar por uma seara alternativa - polêmica, por assim dizer: Eles decidiram procurar por "mecanismos biológicos pelos quais essas percepções tendenciosas surgem".

Para isso, Jeroen van Baar e seus colegas mediram e compararam a atividade cerebral de partidários assumidos (tanto liberais quanto conservadores) enquanto eles assistiam a debates políticos reais e a noticiários.

Medo da incerteza leva à polarização

Os dados mostraram que a polarização é de fato exacerbada pela intolerância à incerteza: Os liberais com esse traço tenderam a ser mais liberais em como encaravam os eventos políticos, enquanto os conservadores com esse traço de medo da incerteza tenderam a ser ainda mais conservadores.

No entanto, no tocante ao que acontecia no cérebro, entraram em ação os mesmos mecanismos neurais nos dois grupos, independentemente do campo ideológico em que cada um se situava.

Em outras palavras, a questão está realmente no modo como as pessoas encaram o mundo, seus problemas e dificuldades - e não em diferenças cerebrais.

"Esta é a primeira pesquisa que conhecemos que associa a intolerância à incerteza à polarização política em ambos os lados do corredor," disse o professor Oriel FeldmanHall. "Portanto, se uma pessoa em 2016 era um apoiador fortemente comprometido com [Donald] Trump ou um apoiador fortemente comprometido com [Hillary] Clinton, não importa. O que importa é que uma aversão à incerteza apenas exacerba o quão similarmente dois cérebros conservadores ou dois cérebros liberais respondem ao consumir conteúdo político."

"Isso mostra que parte da animosidade e mal-entendidos que vemos na sociedade não se deve a diferenças irreconciliáveis nas crenças políticas, mas depende de fatores surpreendentes - e potencialmente solucionáveis - como a incerteza que as pessoas experimentam na vida diária," disse van Baar.

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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