07/01/2022

Teoria propõe testar consciência em humanos, animais e inteligência artificial

Redação do Diário da Saúde
Teoria propõe testar consciência em humanos, animais e inteligência artificial
A nova teoria poderá ser testada em humanos, animais, robôs ou programas de inteligência artificial. [Imagem: RUB/Kramer]

Teoria da consciência testável

Há cerca de um mês, o Diário da Saúde publicou um artigo de um dos maiores especialistas na área listando as principais teorias científicas sobre a consciência.

Aquela lista precisará ser atualizada, porque dois cientistas alemães acabam de publicar uma nova teoria da consciência.

O novo conceito descreve a consciência como um estado que está vinculado a operações cognitivas complexas - e não como um estado básico passivo que prevalece automaticamente quando estamos acordados.

"As hipóteses subjacentes à nossa teoria de plataforma da consciência podem ser testadas em estudos experimentais. Assim, o processo da consciência pode ser explorado em humanos e em animais, ou mesmo no contexto da inteligência artificial," escrevem Armin Zlomuzica e Ekrem Dere, da Universidade Ruhr-Bochum.

Plataformas de consciência

De acordo com a nova teoria, as ações cognitivas conscientes acontecem a partir da chamada "plataforma online", que nada tem a ver com a internet, mas com uma espécie de função executiva central que controla as plataformas neurais e cognitivas subordinadas. As plataformas subordinadas podem atuar, por exemplo, como meio de armazenamento de conhecimentos ou atividades.

Assim, as operações cognitivas complexas associadas à consciência são aplicadas às representações mentais que são mantidas e processadas. Elas podem incluir percepções, emoções, sensações, memórias, imaginações e associações.

As operações cognitivas conscientes são necessárias, por exemplo, em situações em que o comportamento ou hábitos aprendidos não são mais suficientes para lidar com a situação. As pessoas não precisam necessariamente de consciência para dirigir um carro ou tomar banho. Mas, quando algo inesperado acontece, ações cognitivas conscientes são necessárias para resolver a situação.

Teoria propõe testar consciência em humanos, animais e inteligência artificial
Veja outras teorias científicas sobre a consciência.
[Imagem: CC0 Public Domain/Pixabay]

Elas também são necessárias para prever eventos ou problemas futuros e para desenvolver estratégias de enfrentamento adequadas. Mais importante ainda, as operações cognitivas conscientes formam a base para um comportamento adaptativo e flexível, que permite aos humanos e animais se adaptarem a alterações nas condições ambientais.

A nova teoria também propõe que as operações cognitivas conscientes são facilitadas pela interação de diferentes redes neuronais. Os dois neurocientistas consideram as sinapses elétricas, também conhecidas como junções comunicantes, cruciais neste contexto. Essas estruturas permitem uma transmissão extremamente rápida de sinais entre as células nervosas por meio de elétrons, funcionando muito mais rápido do que as sinapses químicas, onde a comunicação entre as células ocorre por meio da troca de íons, conhecidos como neurotransmissores e neuromoduladores.

Experimento para testar a consciência

Esta nova teoria traz um elemento crucial para o conhecimento científico: A possibilidade de realizar experimentos para testá-la.

Os dois autores sugerem, por exemplo, o seguinte experimento para testar sua teoria de plataforma: Um ser humano, um animal ou um programa de inteligência artificial é confrontado com um novo problema que só pode ser resolvido combinando duas ou mais regras aprendidas em um contexto diferente.

Essa combinação criativa de informações armazenadas e sua aplicação a um novo problema só pode ser realizada por meio de operações cognitivas conscientes.

A seguir, administrando substâncias farmacológicas que bloqueiem as junções comunicantes, pesquisadores poderiam testar se as junções comunicantes realmente desempenham um papel decisivo nos processos. Compostos conhecidos como bloqueadores de hiatos de junções devem inibir o desempenho no experimento. No entanto, a execução rotineira das regras individuais, nos contextos em que foram aprendidas, ainda deverá ser possível.

"É preciso testar até que ponto uma inteligência artificial que seja capaz de resolver de forma independente um problema novo e complexo para o qual ela não tenha um algoritmo de solução predefinido pode ser considerada consciente," apontam os autores. "Várias condições teriam que ser cumpridas: A primeira, por exemplo, seria cumprida se [a IA] propuser com sucesso uma estratégia de combate a uma pandemia por triagem autônoma, avaliação, seleção e combinação criativa de informações da internet."

 

Fonte: Diário da Saúde - www.diariodasaude.com.br

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